Temporada de motocross nos Estados Unidos começa com várias surpresas
Redação MotoX.com.br - Por Edu Erbs - Fotos: Garth Milan / Simon Cudby / Jeff Cardas / Ray Archer / Edu Erbs
O Lucas Oil Motocross Championship comecou com força total aqui na Califórnia. Duas etapas já concluídas confirmam um pouco o favoritismo de alguns, porém revelam várias surpresas - positivas e negativas - neste início de campeonato.
Largada 250 Hangtown
Teoricamente seria um pouco desnecessário comentar, mas me parece que as regras do jogo após quatro baterias completas já são bem claras: as largadas e a consistência dentre as duas baterias do dia ditarão o futuro do campeonato. Essa teoria fica bem fácil de comprovar, pois Marvin Musquin, atual lider da 450, tem uma média de posição de largada de 2.5 até o momento, o segundo piloto com a melhor média de largada é Christian Craig com 4.8 e depois disso, Josh Grant com 6.3.
+ Resultados, fotos e vídeos da primeira etapa do AMA Motocross 2017, em Hangtown
+ Resultados, fotos e vídeos da segunda etapa do AMA Motocross 2017, em Glen Helen
Já sobre a consistência, chega a ser até um pouco bizarro quando nos deparamos com a colocação das baterias relativas as posicoes finais do dia. Por exemplo, Osborne acabou vencendo a 250 em Glen Helen com uma quarta e uma segunda posições. O segundo colocado, Jeremy Martin fez 1-7 e o francês Dylan Ferrandis completou o pódio com 9-1. Além deles podemos citar 4-4 para Alex Martin que lhe rendeu o segundo lugar em Hangtown, Dean Wilson (quarto em GH via 6-7 e também na etapa anterior via 10-4), Austin Forkner (quinto na abertura via 11-2)... etc, etc.
Eli Tomac
Quem achou que veríamos o mesmo domínio de Eli Tomac em 2014 de Honda, estava muito enganado. Não quero tirar o mérito do piloto, pois, com certeza, sem Ken Roczen ou Ryan Dungey, Eli ainda é o pleno favorito para o título deste ano, mas não sei ao certo se será tão dominante quanto esperamos. Acho que esta é a perfeita oportunidade pra Eli polir suas habilidades e aprender a arquitetar melhor o campeonato, deixando de lado alguns erros, sabendo diminuir a velocidade às vezes e se contentar com uma posição no pódio ao invés de uma vitória com 40 segundos de vantagem.
Não há questão de que os resultados de Glen Helen seriam um pouco diferentes se Eli nao tivesse problemas com o freio dianteiro na segunda bateria, mas como Carmichael sempre alegou, o campeonato nao é ganho em dias bons... mas sim nos ruins.
Joey Savatgy
Falando em dias ruins, além dos misteriosos problemas com os freios de Tomac (lembram do Supercross de Dallas?) e a quebra de Josh Grant na segunda bateria, a Monster Energy Pro Circuit Kawasaki também está com uma nuvem negra sobre a sua esquadra na 250. Apesar de que certos detalhes nunca são divulgados ao público... não é segredo que Austin Forkner teve problemas elétricos em Hangtown e o motor simplesmente travou em Glen Helen, assim como aconteceu com Justin Hill e Joey Savatgy na segunda etapa. Imagino que Mitch Payton e o seu competente entourage estão trabalhando dia e noite pra solucionar o problema e cortar o mal pela raiz.
Falando em solucionar problemas, Jeremy Martin claramente provou que o problema na sua CRF250R na primeira bateria em Hangtwon foi somente um pequeno tropeço em sua campanha pelo tricampeonato, exibindo um incrível holeshot na primeita bateria de Glen Helen e vencendo de ponta a ponta. Na segunda parecia que estávamos assitindo um replay, até que Martin perdeu a traseira de sua moto na parte debaixo de Mount Saint Helen fazendo uma recuperação espetacular até a sétima posição.
Jeremy Martin
Além de Jeremy, é claro que não podemos deixar de falar de Zach Osborne, que aproveitou o embalo da consquista de seu primeiro campeonato pra chegar no motocross com a força toda. Realmente a sua tocada em Hangtwon foi espetacular... e em Glen Helen o piloto não foi tão bem, mas foi bom o suficiente para aumentar a liderança de 14 para 21 pontos no campeonato. Acho que realmente somente um pouco de azar e um Jeremy Martin muitíssimo insipirado poderiam tirar este título de do piloto da Rockstar Husqvarna.
Zach Osborne
Troy Lee Designs KTM
Eu sinceramente esperava um pouco mais dos pilotos da TLD KTM. Shane McElrath, Alex Martin e Mitchell Oldenburg estão, na minha opinião, um pouco abaixo do esperado, e em Glen Helen, correndo praticamente em casa, eu esperava melhores resultados destes veteranos. Já eu diria que Sean Cantrell, que acabou de ser graduado para o circuito profissional, vem tendo uma boa campanha se mantendo nos arredores dos top 10.
Acredito que daria pra escrever um livro somente destas duas etapas na Lites. Com certeza outros pilotos merecem destaque como Dylan Ferrandis com uma vitória histórica de mais de 20 segundos em Glen Helen, Adam Cianciarulo, que veio da última colocação para terminar em sétimo na segunda bateria, a promessa de Aaron Plessinger, o novato Michael Mosimann, a agressividade de Austin Forkner, a vitória de Jason Anderson, o segundo lugar de Blake Baggett... etc, etc... então vou reduzir, terminar por aqui e esperar o desenrolar do campeonato.
Outras notas da semana:
1 - Hangtown permaneceu com o mesmo traçado dos últimos dois anos e a temperatura foi um grande fator na prova de abertura do campeoanto, já Glen Helen recebeu grandes modificações no percurso, começando pela famosa curva Talladega sendo diretamente linkada com o Shoei Hill. A seção que geralmente liga a pista principal com a secundária recebeu modificações, ficando um pouco mais curta e perdendo aquele enorme salto triplo em subida dos últimos anos. Além disso, o famoso Mount Saint Helen diminuiu um pouco de tamanho e a seção de saltos no miolo da pista - que eliminou muitos pilotos no ano passado - foi trocada por uma mais segura. No final das contas, achei as mudanças positivas pois a grande maioria visava a seguranca dos pilotos, porém algumas áreas ficaram menos acessíveis para os espectadores, o que não é ideal para os milhares de pagantes do evento.
2 - Mais uma vez, Cooper Webb não parece estar nem um pouco satisfeito com a performance de sua YZ450F, então a grande conversa no paddock é que a Yamaha trará um lote de motos modelo 2018 mais cedo ao país para ser homologada pela AMA permitindo ao piloto competir com a nova motocicleta imediatamente. Ela promete ter um novo chassis, novo ângulo no motor e um design mais arrojado.
3 - Com as novidades nas Yamaha, aparentemente a Suzuki também dá indícios de que poderia estrear os modelos 2018 ainda nesta temporada com a JGR Suzuki, porém a fábrica planeja competir com o novo modelo somente nas três últimas etapas da temporada.
4 - O Brasil também esteve bem representado por aqui com Thales Vilardi fazendo uma pré-temporada nos Estados Unidos. O paulista competiu nas duas etapas se classificando entre os top 40 da categoria principal sem problema algum, o que na minha opinião é realmente impressionante, principalmente por estar pilotando uma Husqvarna FC 450 praticamente original. Na classe 250 o jovem Gustavo Pessoa também mandou bem pontuando nas duas etapas. Ambos vêm com tudo para abertura do Brasileiro de Motocross neste fim de semana.
Dean Wilson
6 - Dean Wilson foi uma das principais supresas neste início de campeoanto completando as duas provas dentre os top 5, com isso a Rockstar Energy não exitou em oferecer um contrato para o piloto para a temporada 2018 com opções de extensão para 2019. Good job Deano!
Marvin Musquin
MXGP
Largada MXGP
Nos últimos anos venho falando muito da nova geração liderada por Romain Febvre e Tim Gajser que dominou os GPs nas duas últimas temporadas. Sem tirar méritos de ninguém, as dois últimos anos foram realmente duros para Antonio Cairoli que agora parece ser um piloto renovado e com a garra que lhe rendeu 8 campeonatos no passado. Além dele, é interessante - e até um pouco nostálgico - ver Gaultier Paulin, Clement Desalle também brigarem pelas posições da frente e completarem o
pódio em Ernée, na França.
Com Gajser de fora e Febvre parecendo ainda não andar completamente feliz com o equipamento, fica por conta de Jeffrey Herlings, que recentemente
venceu a sua primeira prova na Letônia e parece que vem aprendendo e evoluindo a cada semana na classe principal, defender a nova geração.
Tim Gajser
A HRC Honda, que veio cheia de planos para este ano,
perdeu dois pilotos em menos de 30 minutos no GP da Alemanha, com o russo Evgeny Bobryshev quebrando a clavícula e Tim Gajser caindo feio e machucando o ombro, o que acabou lhe deixando de fora do GP da França. Parece que a contusão é séria e provavelmente precisará de intervenção cirúrgica, o que aparentemente afetará a decisão do piloto de vir competir nos EUA em 2018.
Frase da semana:
Godspeed Nicky!