Início do campeonato mostra importância da regularidade na briga pelos títulos da temporada
Redação MotoX.com.br: Por Edu Erbs - Fotos: Octopi, Simon Cudby, HRC e Divulgação
Anaheim 2 foi a primeira de três provas no formato Triple Crown
Um campeonato, duas categorias, três provas e seis ganhadores sumarizam este incrível início do Monster Energy AMA Supercross Championship. Anaheim 2 não foi uma prova qualquer, pois foi a primeira de três provas do Monster Energy Triple Crown que foi introduzido pela primeira vez no ano passado.
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A Feld, organizadora do evento, trouxe algumas mudanças para este ano, começando pelo fato que os três Main Events agora tem a mesma duração de 10 e 12 minutos mais uma volta para as 250 e 450, respectivamente. Outra mudança importante foi que times e pilotos puderam pela primeira vez homologar duas motocicletas para a prova já que o tempo entre as corridas é mais curto o que dificulta bastante se alguns reparos maiores teriam que ser feitos.
Vídeo:
Depois de cinco dias de chuva, a equipe da Dirt Wurx teve muito trabalho para deixar a pista preparada para sábado, mas apesar de algumas partes estarem um pouco mole formando canaletas, eu achei que a condição da pista estava melhor que o esperado. O traçado foi bastante diferente de Glendale, sendo uma pista mais travada, com velocidades menores, uma seção de areia, duas seções de costelas e uma seção de saltos que desafiou até os pilotos de ponta.
Cooper Webb e Ken Roczen no salto de chegada em Anaheim 2
Depois de Anaheim 1 ser dominado pela Yamaha, em Anaheim 2 foi a vez da KTM brilhar com Shane McElrath fazendo mais uma prova bastante consistente e Cooper Webb chocar o estádio com sua primeira vitória na classe principal, seguido de seu companheiro de equipe Marvin Musquin.
Observações sobre times e pilotos
Cooper Webb: Realmente inesperada a rápida ascensão do piloto depois da mudança de equipe. Não era segredo que Webb e a Yamaha 450 nunca tiveram uma ótima relação e, apesar de no papel a ida pra KTM ser uma ótima solução, já que a moto é mais leve e tende a cair melhor para um piloto menor como ele, geralmente a maioria leva bastante tempo para se adaptar ao novo time, motocicleta, treinador e tudo mais. Mas parece que até então as coisas estão indo bem por ali. É interessante ressaltar que depois de passar Ken Roczen na última volta o piloto olhou pra trás e apontou para o rival da HRC comemorando a vitória. Talvez vocês lembrem o que
comentei no ano passado sobre o problema entre os pilotos fora das pistas que acabou gerando problemas dentro delas com Kenny atingindo Webb em San Diego resultando em mais uma horrível fratura para o alemão.
Cooper Webb e Marvin Musquin fizeram dobradinha da KTM na classe 450
Marvin Musquin: O francês subiu ao pódio pela primeira vez no ano e parece que aos poucos vai voltando a sua velha forma, consistente, passando Eli Tomac na primeira bateria e mostrando a sua velha velocidade. Musquin agora conta com a ajuda de seu compatriota David Vuillemin que o auxilia nos treinos com moto durante a semana.
Eli Tomac: o piloto da Factory Kawasaki teve um início de ano um pouco lento, entretanto pela primeira vez mostrou aquela velocidade incrível para dominar a terceira bateria, resultado que acabou lhe colocando no pódio. Apesar de não parecer estar em pleno potencial, Eli está subindo na classificação do campeonato devido à inconsistência da maioria dos pilotos e apesar de não parecer tão rápido como outros anos, o piloto tem o melhor início do campeonato de sua carreira nas 450s, o que pode ser perigosíssimo para os seus oponentes.
Eli Tomac
Ken Roczen: o principal representante da HRC Honda deixou mais uma vitória escapar completando assim mais de dois anos de jejum para o time e o piloto. É somente questão de tempo para que Kenny suba ao lugar mais alto do pódio, mas neste momento o que importa é que ele tem sido o competidor mais consistente e leva para Oakland o number plate vermelho pelo segundo fim de semana consecutivo.
Vídeo:
El Hombre: As especulações sobre a performance do atual campeão já pode terminar já que o piloto acabou
caindo durante a semana quebrando um braço e uma costela e está fora por pelo menos oito semanas. É claro que ninguém gosta de ver ninguém machucado, mas tenho que admitir que de certa forma esta lesão veio um pouco a calhar para Jason Anderson já que suas apresentações foram muito abaixo do esperado. Em A2 não foi muito diferente com o atleta fazendo uma terceira bateria um tanto vergonhosa. Agora a questão é quem representará a Factory Husqvarna este fim de semana já que Zach Osborne ainda está fora. Acho que não há dúvida alguma que Dean Wilson é o piloto mais correto para preencher a vaga.
Jason Anderson
Justin Barcia: Bam-bam ainda não conseguiu repetir a brilhante performance que teve em A1, e infelizmente acabou caindo feio em A2 quando ejetou de sua YZF450. Parece que Barcia não teve nenhuma fratura porém sente muitas dores no cóccix e enquanto escrevo esta coluna ainda é dúvida para este fim de semana.
Blake Baggett e Justin Barcia
Sem dúvida nenhuma o campeonato até aqui está se tornando a cada etapa mais interessante. A dúvida é quais pilotos conseguirão se manter constantes na próximas provas ditando quem será o mais novo e inédito vencedor do campeonato de maior prestígio no mundo off-road?
250s
Colt Nichols segue líder na categoria 250 Oeste
Consistência também é o nome do jogo entre os pilotos da categoria 250cc. Com três provas concluídas, o surpreendente Colt Nichols subiu novamente ao pódio, mas desta vez cometendo alguns erros e mostrando um pouco de falta de concentração.
Shane McElrath, da Troy Lee Designs KTM, não esconde que ele e o time vêm brigando para achar o acerto da sua motocicleta e tiveram que voltar à estaca zero com o mesmo set-up que usaram no ano passado. Outro fator é que algumas mudanças no seu treinamento fazem que só agora o atleta atinja o ápice de sua forma física ao contrário de anos anteriores quando começou o ano de forma explosiva. Talvez esta seja a receita para o veterano conquistar o primeiro título de sua carreira profissional.
Dylan Ferrandis, Shane McElrath e Colt Nichols
Eu tenho que colocar
Dylan Ferrandis e Adam Cianciarulo na mesma categoria. Ambos pilotos têm velocidade para vencer qualquer prova, em qualquer condição, contra qualquer rival, entretanto as quedas e os erros e, diga-se de passagem, as contusões, são muito frequentes evitando que briguem por títulos. Ainda é cedo e muita coisa pode acontecer até o final do campeonato, mas as coisas têm que mudar para estes pilotos neste fim de semana se eles ainda esperam estar em contenção em Las Vegas.
Adam Cianciarulo #92 e Enzo Lopes #67
Outras notas:
Chad Reed não largou na segunda bateria da noite devido há um problema com a embreagem de sua RMZ450. O problema apareceu quando o piloto já estava alinhando no gate e, infelizmente, a JGR sendo baseada na Carolina do Norte não teve tempo de preparar uma moto reserva. Mas quem se importa??? O importante mesmo foi o equipamento "throwback" do piloto fazendo referência a Jeremy McGrath que competiu somente um ano pela Suzuki.
Chad Reed com equipamento similar ao usado por Jeremy McGrath em sua temporada na Suzuki
Joey Savatgy teve um começo de ano um pouco difícil, mas ainda poderia dizer que entre os estreantes da categoria o piloto está fazendo uma campanha um tanto descente. É interessante comentar que apesar do atleta ser patrocinado da cabeça aos pés pela francesa Just1, a Factory Kawasaki obrigou o piloto a escolher outra marca de óculos pois esta é uma peça pequena, porém muitíssimo importante, e a marca européia ainda não tem tradição neste equipamento. Joey usa óculos Scott, e ainda mais interessante é que não é a primeira vez que a equipe faz este tipo de exigência para um piloto: Josh Grant sofreu o mesmo tipo de repreensão no passado.
Joey Savatgy
Rally Dakar
Todo ano saio um pouco da minha zona de conforto para falar da corrida mais difícil do mundo, a qual acompanho avidamente por muitos anos. Pela primeira vez na história a prova foi realizada somente em um país, o que eu achei que poderia comprometer um pouco a reputação do evento, mas pelo o que puder acompanhar o Peru não desapontou com uma competição que exigiu muito de máquinas e pilotos.
Rick Brabec
A
KTM venceu pela 18ª vez consecutiva com seus três pilotos de fábrica subindo ao pódio, seguidos de seus "amigos" da Factory Husqvarna. A Honda mais uma vez nadou, nadou e acabou morrendo na praia, ou melhor, nas dunas com o motor de Rick Brabec fundido. Confesso que a minha parte "americana" torceu muito por Brabec já que ele é Californiano e eu sei das dificuldades que o piloto enfrentou para chegar onde está. E o mais engraçado é que quando resolvi mudar de lugar para assistir à corrida em A2 me deparei com o piloto e, como um bom fã, tive que pará-lo, congratulá-lo e conversar um pouco sobre o rally. Tenho que dizer que a sua simplicidade e humildade dificilmente poderiam ser encontradas nos boxes do Angel Stadium.
Vídeo:
Por outro lado, fiquei feliz por Andrew Short acabar entre os top 5 e ainda mais feliz pelo bicampeonato de Toby Price, que correu literalmente o rally inteiro com o pulso fraturado e, assim como Brabec, o conheci rapidamente quando visitava os boxes da Troy Lee Designs em A2 na temporada 2016. Na ocasião pude posar para uma foto com o troféu do Dakar em mãos. Realmente esta prova é de arrepiar!!!
Frase da semana:
"Thankfully, all the hard work was worth it and the pain doesn’t matter anymore – I’m stood here as the 2019 Dakar Champion".
Toby Price