As repercusões das provas por equipes e novas formações nos grandes times do motocross mundial
Redação MotoX.com.br - Por Eduardo Erbs - Fotos: Ray Archer, Bavo e Divulgação
Motocross das Nações teve mais uma edição espetacular
É impossível esconder meu descontentamento por este ano não poder ir ao
Motocross das Nações. Depois de uma viagem quase "mágica" à Franca no ano passado, eu queria muito ir a Itália, onde o povo é caloroso e a comida sensacional. Já tive a oportunidade de viajar pelo norte do pais e o cenário não é nada mal!
Mas ali estava eu, no conforto do meu sofá, roendo as unhas e desacreditado com o incidente ocorrido com Jason Anderson. De quem é a culpa? Não sei! Isso é motocross e tudo pode acontecer... O que importa é que os franceses são os tricampeões do evento e não tem como discordar que eles merecem.
França tricampeã em Maggiora
A última prova foi realmente de arrancar os cabelos. Já que o Brasil ficou de fora da final, me restava torcer pela minha segunda pátria, os EUA, que há quatro anos não sentiam o gostinho da vitória na prova. E continuaram sem sentir: Cooper Webb cometeu um erro e acabou jogando a chance de vitória do time Yankee fora, dando um presente para os franceses e um resultado espetacular para os holandeses.
Realmente a prova foi espetacular e eu só posso imaginar como era a atmosfera do lugar: ensurdecedora, vibrante e magnífica.
Atmosfera ensurdecedora, vibrante e magnífica da prova na Itália
Quem conferiu a
minha última coluna, leu um pouco sobre a política dos bastidores do nosso esporte e como isso vem afetando contratos e calendários dos principais pilotos, especialmente as suas participações no MXoN. Depois de alguns momentos de nostalgia e reflexão, venho concluir que sim, nomes como Dungey, Reed e Roczen fazem falta no dia do evento, mas o formato das provas, a união entre rivais, a matemática dos resultados e - principalmente - a energia do local sempre farão com do MXoN a prova mais charmosa e importante do Motocross Mundial, seja lá quem esteja competindo.
Vídeo - os campeões do Motocross das Nações 2016:
Trocando de marchas e falando um pouco de Silly Season: tenho que relatar que chega a ser até engraçado a situação que nos encontramos hoje em dia devido as mídias sociais. Simplesmente mais ninguém está seguro, nem mesmo a mais corporativa das corporações, a Honda, obrigada a se render e soltar o press-release da
contratação de Ken Roczen antecipadamente no dia 21 de setembro. Tudo por conta das fotos do piloto na pista de teste, que começaram a vazar pelas redes sociais.
Apesar da contratação estar acertada, muitas vezes algumas coisas como vídeos promocionais e outras ferramentas de marketing podem não estar prontas quando esse tipo de informação é jogada na rede antes da hora.
A Honda CRF 450R de Ken Roczen
Alemão segue com a Red Bull junto na sua nova equipe
Apesar deste ano, teoricamente, termos a melhor silly season da década, eu imaginava que no dia primeiro de outubro a maioria das peças do quebra cabeça se encaixariam, mas somente
a contratação de Trey Canard foi anunciada, deixando muitas perguntas no ar, com o Monster Energy Cup já dando as caras em Las Vegas. Falando em Canard, conversando com um dos patrocinadores do piloto, descobri que o mesmo abriu mão de praticamente três quartos do salário que ganhava na Honda, quando assinou com a KTM.
Aparentemente a Factory Honda teria interesse em mantê-lo também nesta temporada, mas as coisas esquentaram entre o piloto e o time, quando Trey descobriu que - depois de declinar a assinatura com a Monster Energy dois anos atrás devido a restrições contratuais - Ken Roczen traria a Red Bull consigo. Além disso, esta mesma pessoa confirmou que Kenny bateu na porta da KTM antes de assinar o contrato com os japoneses, mas a marca preferiu não entrar em renegociação com o alemão, que goza de um contrato de três anos com a Honda e um salário que deve se aproximar dos 8 milhões de dólares durante o período.
Assim como o anúncio de Trey Canard, a Troy Lee Designs KTM oficializou primeiramente a entrada de Jordon Smith e depois Alex Martin no time.
A surpresa da semana fica por conta da Joe Gibbs Racing, que antes de tudo anunciou a ausência de Justin Barcia no "Supermotocross", o que indica o provável término da relação entre o time e a Yamaha, iniciando um novo capitulo para o time e a Suzuki. Houve conversas com Dean Wilson, mas a equipe permanecerá a mesma: Barcia, Nicoletti e Peick. A principal novidade, além da troca de marcas, será a inclusão de dois pilotos na classe 250.
A RHC Suzuki é outra equipe sem um piloto oficializado para as suas vagas, entretanto Justin Boggle e Brock Tickle são os nomes mais prováveis.
Trey Canard deixou o time vermelho e entrou na KTM
Os irmãos Stewarts ainda estão sem destino para 2017, porém Malcolm está praticamente confirmado na Geico Honda - mesmo que de 450cc e possivelmente com equipamento 2016. Já James se vê em uma situação um pouco mais delicada, tentando encaixar uma vaga ao lado do irmão ou até mesmo com um time próprio, com a possibilidade de um patrocinador de fora, que especulações indicam ser um jogador de baseball amigo do piloto.
Entre outros pilotos a se destacar, Dean Wilson, Justin Brayton, Jake Weimer, Tristan Chaborneau e Chris Aldredge são alguns dos grandes nomes que ainda não tem lugar definido para 2017. Acredito (e espero) que, daqui até Anaheim, haja a formação de alguns novos times e a criação de novas vagas, pois chega a ser triste talentos como estes simplesmente desaparecem no horizonte.
Jeffrey Herlings tem o passe cada vez mais valorizado
Quem definitivamente não desaparecerá no horizonte é Jeffrey Herlings. Pelo que ouvi falar a KTM pretende nos próximos meses antecipar a extensão do seu contrato atual por mais oito anos. Para completar, há chances das cifras chegarem ao norte de 20 milhões de dólares, o que marcaria o maior e mais caro contrato da história do esporte!!!
SMX Riders Cup
Supercross, motocross, supermoto e agora SUPERMOTOCROSS, a nova modalidade que a Youthstream acabou de criar para o evento chamado
Monster Energy SuperMotocross Riders and Manufacture's Cup.
Supermotocross Riders Cup foi disputado na Veltins Arena, em Gelsenkirchen, Alemanha
Em primeiro lugar, quem inventou este título? Tive que ir no website do evento pelo menos três vezes para poder escrever o nome corretamente. Supermotocross, implica, na minha opinião, em uma pista de motocross em esteroides com grandes saltos e mais longa ou até com obstáculos novos e diferentes do normal, mas ao contrário... ficou bem claro pela repetição dos apresentadores que se tratava de uma pista de motocross dentro de um estádio... o que me levou a pensar que "talvez" alguém já tivesse pensado nesta ideia antes. Talvez em 1974 em Daytona (Flórida)? Talvez seja o que evoluiu para o que hoje é conhecido como simplesmente supercross? Será que estou ficando louco?
Com voltas que ultrapassaram pouco mais de 50 segundos, a pista não contou com
whoops ou com obstáculos tão técnicos como encontramos em uma pista de supercross aqui nos EUA. Além disso, boa parte do percurso foi construído com areia. Ou seja, ao meu ver, uma tentativa de parar os americanos e nivelar um pouco os competidores, o que até acabou dando certo.
Mesmo reunindo tantas estrelas do esporte, prova não lotou o estádio
Realmente para mim, a surpresa da noite, foram as três provas principais vencidas por pilotos europeus: Tim Gajser, Romain Febvre e Jeff Herlings. Entretanto, como de costume, Ryan Dungey foi o mais consistente levando para casa 50 mil euros. O piloto liderou o domínio completo da Factory Red Bull KTM com Marvin Musquin e Jeff Herlings completando o pódio. A marca venceu também a disputa entre as fábricas.
Tim Gajser venceu a primeira de três baterias
E só para terminar a coluna de hoje, tenho que expressar o meu completo desapontamento com o cancelamento do Motocross das Nações 2017, decisão mútua entre Bud Feldkamp (Glen Helen) e Youthstream. O press release comunicou que o principal motivo seria a falta de interesse do público americano pelo evento, gerando um baixo número de espectadores e prejuízo para as entidades.
O que eu acho engraçado é que o press release da Youthstream sobre o GP de Glen Helen tinha a declaração de um público de 27 mil pessoas, o que na minha opinião é um número razoável para uma prova de motocross. Porém, estive presente em todos os GPs realizados em Glen Helen até então, e duvido que em qualquer umas destas provas houvesse mais de 5000 pagantes. Porém, desde 2005, estive presente em todas as provas do AMA Motocross aqui no sul da Califórnia, além do Motocross das Nações no Colorado em 2010, e posso constatar com plena certeza que em nenhuma destas provas houve algum problema com falta de antecedência e imagino que ninguém saiu no prejuízo.
Depois dos imprevistos com o time norte-americano no Nações, Roger De Coster voltou a sorrir com o sucesso dos pilotos KTM no SMX Riders Cup
Acredito realmente que o público norte-americano não tenha grande interesse nos GPs e que talvez pouquíssimas pessoas por aqui saibam quem são Tim Gajser ou Romain Febrve, porém estes dirigentes não podem ser tão burros ou ignorantes a ponto de que não saberiam diferenciar o tipo de público que acompanha os GPs e as olimpíadas do nosso esporte, o Motocross das Nações. Para mim isso mais uma vez tem cheiro de politicagem e interesse de terceiros.
Vídeo:
Frase da semana
"You can get much further with a kind word and a gun than you can with a kind word alone".
Al Capone