Coluna do Zanol Por Felipe Zanol - Fotos: Luiz Fernando Gondim
Felipe Zanol e equipe comemorando o título de penta-campeão brasileiro de enduro Foto: Divulgação |
Olá amigos do MotoX, conto nessa coluna como foi a disputa das duas últimas etapas do Campeonato Mundial de Enduro, na Eslováquia e na França, e como foi a final do Campeonato Brasileiro de Enduro em São Tome das Letras, MG.
Zanol disputou a última etapa do campeonato com o título já garantido Foto: Divulgação |
O Enduro das Pedras em São Tomé que seria a penúltima etapa do campeonato acabou encerrando o ano devido a divergências entre CBM e organizadores, com isso a última etapa que seria em São Paulo acabou sendo cancelada. Com essa decisão acabei levando o título de penta-campeão antes mesmo da largada e disputei a prova bem mais tranqüilo.
A prova foi muito bem preparada, com ótimas trilhas e especiais bem montadas. Foram 4 testes cronometrados por volta sendo duas voltas no sábado e três no domingo de 45 km cada.
Consegui vencer os dois dias de prova e a maioria das especiais (
clique e confira matéria e resultados da prova). No sábado venci por 33 segundos e no domingo por 1 minuto e 45 segundos. O segundo colocado foi Nielsen Bueno e o terceiro Jackson Feubak.
Gostaria de aproveitar para agradecer toda a equipe que esse ano fez um trabalho fantástico e me proporcionou uma ótima estrutura para conquista desse titulo, a todos os patrocinadores, apoiadores, também a minha família e a minha namorada.
Mundial na Eslováquia e na FrançaDepois da participação na etapa espanhola e na etapa portuguesa do Mundial no mês de maio e com um bom resultado na Espanha, recebi o convite da Equipe CRN-Motofundador para disputar as duas últimas etapas do Campeonato Mundial. Montei um projeto com meu amigo e mochileiro Luiz Fernando e tentei viabilazar alguns patrocinadores para bancar as despesas relativas a viagem.
Os parceiros que entraram no projeto foram Motostreet, Acerbis, MR Pro, Print Press e Imocx Racing. Aproveito pra agradecê-los desde já.
No dia 28 de agosto embarcamos para Lisboa (eu, Luiz Fernando e Guilherme), de onde encontramos o restante da equipe (Fernando Ferreira - Piloto da categoria E1, Tosé - chefe da equipe, Rui - Dono da equipe que me fez o convite e Correia - mecânico) além de outros portugueses que disputariam a prova e partimos para Budapeste. Foram mais de 20 horas entre vôos e conexões e depois tivemos que encarar mais 400 km de estrada cruzando o leste europeu até chegar a Krompachy, local de disputa da etapa Eslovaca.
"Sabia que seria uma prova dura, mas estava bem mais preparado do que no início do ano" |
Chegamos exaustos e fomos direto descansar, pois na quinta já teríamos treino com a moto para podermos fazer alguns ajustes. Infelizmente o caminhão que fez o transporte das motos atrasou muito chegando somente às 5 da tarde atrapalhando todo nosso cronograma. Aproveitei o dia para reconhecer as especiais.
As primeiras voltas na moto não foram as melhores, a suspensão dianteira estava bem ruim e devido ao pouco tempo disponível não conseguimos fazer os devidos ajustes. A melhor opção foi à troca da suspensão por a de outra moto que parecia estar um pouco melhor. Fizemos a vistoria na sexta à tarde e colocamos a moto no parque fechado. A prova da Eslováquia foi realizada em uma região muita montanhosa, mais precisamente em uma estação de esqui e fazer o reconhecimento das especiais foi bem cansativo, pois andamos três vezes em cada especial, para estar bem decorado logo na primeira volta.
No sábado larguei bem animado e na expectativa de bons resultados. Sabia que seria uma prova dura, mas estava bem mais preparado do que no início do ano. Infelizmente não consegui fazer bons tempos nas especiais. Acho que por andar em uma moto diferente da que uso no Brasil e devido a suspensão não estar do jeito que imaginei. A chuva que caiu no final do dia serviu para nivelar ainda mais a prova. Consegui manter o ritmo até o final, mas fiquei bem longe do resultado que esperava. O 15º lugar me deixou um pouco desanimado.
No segundo dia o sol voltou a abrir, mas os meus resultados não melhoraram muito. Finalizei o dia em 14º igualando o resultado que tinha conseguido na Espanha, mas distante dos tempos dos pilotos a minha frente. Terminei o dia muito cansado e com cãimbras, não tinha isso a uns 5 anos (risos), e com a moral lá em baixo. Cheguei a conclusão que precisava melhorar a suspensão da moto e estar mais acostumado ao equipamento para tentar um resultado melhor na França.
Passei a semana em Portugal treinando e aproveitei para correr uma etapa do regional de cross country. Consegui vencer minha categoria e fiquei em segundo na geral. Tive um pouco de dificuldade, pois a trajeto é bem diferente dos que temos aqui no Brasil. A prova foi realizada em um local com muitas pedras, mais parecido com uma trilha, mas foi uma ótima experiência e um bom treino.
"O extreme mais parecia um teste impossível com degraus de 2 metros de altura e várias subidas e descidas com pedras e troncos" |
Partimos na terça para França, percorremos 1.400 km de carro em 11 horas, foi uma viagem muito cansativa, pois viajamos a noite toda. Aproveitamos a quarta de manhã para descansarmos e a tarde fomos reconhecer as especiais. Estava bem mais motivado. A suspensão estava bem melhor e eu estava bem mais acostumado com a moto.
As especiais na França eram bem técnicas com varias curvas desniveladas e mais parecidas com um motocross, fora o extreme que mais parecia um teste impossível com degraus de 2 metros de altura e várias subidas e descidas com pedras e troncos. O deslocamento da etapa francesa foi sem dúvida o mais difícil do campeonato todo. Para se ter uma idéia, largaram para a prova no sábado mais de 120 pilotos e pouco mais de 60 terminaram o dia, devido a exaustão física. Alguns pilotos chegaram a colocar as motos no parque fechado, mas desistiram antes mesmo da largada, como foi o caso do francês Mickael Pichon.
"Retornei ao Brasil com espírito de dever cumprido e com gostinho de quero mais" |
No primeiro dia de prova consegui fazer bons tempos mesmo cometendo alguns erros. Fechei o dia sem penalizar e com um ótimo 12º lugar com tempos bem próximos ao dos pilotos a minha frente e na frente de vários oficiais.
No segundo dia estava bem animado, mas o cansaço do primeiro dia não permitiu que fizesse uma boa prova. Acabei em 14º lugar e com o tempo distante dos pilotos a minha frente, mas mesmo assim fiquei bem contente com resultado.
Nas especiais de enduro e de cross consegui bons tempos, mas no extreme acabava levando muito tempo, devido à dificuldade do teste e do risco de maiores lesões.
O balanço das últimas etapas foi muito positivo, pois consegui evoluir bastante em relação ao início do ano e vi que com uma boa estrutura e uma boa moto é possível ter uma melhora nos tempos. Notei também que quando se anda com os melhores pilotos do mundo, um detalhe na suspensão pode acabar comprometendo todo seu desempenho.
Queria agradecer ao Rui e toda a sua equipe pelo empenho em me proporcionar uma boa estrutura, ao Nando, ao Hélio por nos acolher mais uma vez em Fafe, aos patrocinadores que me acompanharam nesse desafio e todos que ficaram na torcida.
Na terça-feira seguinte ao evento retornei ao Brasil com espírito de dever cumprido e com gostinho de quero mais. A vontade de retornar no próximo ano é grande, mas só irei se estiver com um bom equipamento e bem treinado com ele, pois sem disputar a prova dessa maneira é difícil conseguir um resultado expressivo.
Espero ver todos na torcida para disputa do Six Days, que é a copa do mundo do enduro e será a próxima competição que irei participar. E para as pessoas que estiverem no Salão das Duas Rodas, estarei no estande da Husqvarna.
Grande abraço e muito obrigado a todos!
Felipe Zanol é penta-campeão brasileiro de enduro, bi-campeão brasileiro de cross country e atualmente integra a equipe Husqvarna / Imocx Racing. Além dos vários títulos nacionais este piloto mineiro já competiu em 3 edições do ISDE (principal competição do enduro mundial), onde conquistou a medalha de prata.
Contato: zanolfelipe@ig.com.br