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Preparação Física e Nutricional no Motociclismo Infantojuvenil
Publicado em: 12/06/2018
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Guia MotoX de Nutrição Esportiva - sétimo capítulo
Redação MotoX.com.br - Por Bernardo Starling (com colaboração de José Moiano Junior) - Fotos: Maurício Arruda


Preparação Física e Nutricional no Motociclismo Infantojuvenil

A excelente performance dos pilotos das categorias 50cc, 65cc, Júnior e MXF nos campeonatos estaduais e nacionais tem demonstrado o quão dedicados a vitória estão estes atletas. Frequentemente tempos entre os 15 mais rápidos das categorias principais são atingidos por estes pilotos. Mas fica uma questão: Será que estes atletas estão se preparando fisicamente e nutricionalmente de forma adequada? Na parte nutricional irei apresentar alguns estudos internacionais e informações científicas baseadas em atletas desta faixa etária, enquanto para apresentar informações sobre treinamento convidei o preparador físico da equipe Honda oficial, José Moiano Junior.

+ Veja também mais de 30 artigos no Guia MotoX de Preparação Física

O Motociclismo esportivo é uma atividade de grande dinamicidade, onde o piloto realiza inúmeras movimentações, contra forças gravitacionais e inerciais em um terreno irregular por um tempo relativamente prolongado. Estes fatores combinados com o aumento da temperatura corporal ocasionado pelos equipamentos de proteção utilizados e calor do motor tornam a modalidade excepcionalmente exigente do ponto de vista físico.
 
Se pensarmos fisiologicamente nos esportes com motocicleta, veremos que a literatura aponta uma frequêcia cardíaca superior a 90% da frequência cardíaca máxima, por mais de 80% do tempo de competição, além de constantes contrações musculares para manter-se sobre a moto, fator que sugere uma atividade física muito intensa, com Vo2máx por volta de 90%.


Atletas de 13 anos possuem quase o dobro de capacidade de estocar carboidrato quando comparado as crianças de 10 anos

Quando se fala em motociclismo rapidamente se pensa na preparação das motos e design das pistas, mas com os dados fornecidos inicialmente percebemos o quanto é importante se preparar fisicamente para ter um melhor rendimento nas modalidades. A preparação física se torna fundamental quando pensamos na performance esportiva, e ao contrário do que se pensa, ela deve começar cedo.

Em se tratando de desempenho, a preparação física para jovens atletas é muito bem vista internacionalmente: "A importância de melhorar a aptidão muscular no início da vida é reconhecida como uma competência crítica dos programas de desenvolvimento atlético de longo prazo. Um número crescente de jovens participa de programas de condicionamento físico que incluem exercícios resistidos e a mais recente declaração de posicionamento sobre treinamento de resistência de jovens fornece forte apoio à participação em programas de treinamento de resistência bem planejados supervisionados por profissionais qualificados. Além disso, uma declaração consensual do Comitê Olímpico Internacional afirma que os jovens atletas que não são expostos a esse tipo de condicionamento no início da vida precisarão inevitavelmente tratar de deficiências neuromusculares mais tarde na vida como parte do treinamento esportivo ou reabilitação de lesões" - Faigenbaum, A. 2017.

Uma preocupação comum dos pais de atletas jovens atletas refere-se ao treinamento com pesos e o processo de crescimento destas crianças. Atualmente, existem estudos que demonstram correlações positivas entre o treinamento de força e o hormônio do crescimento, isto é, não há causa e efeito, porém uma relação de correlação positiva entre os fatores sugerindo que não há decréscimo na produção de hormônio do crescimento em função do treinamento de força. Alguns estudos apontam inclusive que desde que não haja carga máxima, o treinamento de força pode ser considerado uma prática segura e eficaz para crianças e adolescentes. O principal mito desenvolvido nesta área vem da hipótese de que ginastas teriam seu crescimento prejudicado pela alta carga de treinamento. Porém ficou demonstrado por estudos, que o processo de seleção acaba escolhendo crianças menores e que são filhas de pais com baixa estatura, além disto regimes muito restritivos levam a um atraso do crescimento destas atletas, algo não visto por exemplo em modalidades com treinamentos tão intensos quanto, como o Judô.


Nutricionalmente devemos analisar estes atletas a partir dos estágios de desenvolvimento e dividi-los por categoria

Nutricionalmente devemos analisar estes atletas a partir dos estágios de desenvolvimento, e coincidentemente podemos dividi-los nas categorias 50cc, 65cc, Júnior e Feminina. Um importante ponto em todas estas fases e que os estudos vêm demonstrando, é a deficiência de horas de sono em 90% destes atletas. Tendo em vista, que 9 horas de sono é o indicado nesta faixa etária e que a liberação hormonal destes jovens é dependente destas horas, devemos ter atenção quanto a este ponto. Além disto, estudos com atletas portuguesas mirins demonstram uma deficiência em ácido fólico e vitaminas encontradas em alimentos gordurosos - vitamina A, D e E.
 
Com o amadurecimento corpóreo, a capacidade de estocar carboidrato, na forma de glicogênio, aumenta. Atletas de 13 anos possuem quase o dobro de capacidade de estocar carboidrato quando comparado as crianças de 10 anos. Assim, o consumo adequado e até uma "super ingestão" de carboidratos na semana pré-competição para os atletas mais velhos se faz indicado - 70g de carboidrato por refeição para ser interessante.

Quando falamos em alimentos construtores - as proteínas, a sua suplementação não se mostra necessária pelas principais comissões esportivas, e os níveis adequados (1,8g para cada quilo de peso corporal) podem ser atingidos a partir da ingestão de uma porção de carne no almoço e uma no jantar e através de proteínas vegetais, lácteas e do ovo - devendo se preferir este último alimento visando combater a deficiência de vitamina D constada nos estudos.


Bernardo Starling (boné vermelho) quando jovem piloto, Antonio Balbi Junior (boné preto), Jorge Negretti (boné branco), Rômulo Bottrel (boné preto ao lado de Negretti), Rodrigo Marçal, Lucas Bartoli (boné preto abaixo de Bottrel) e Gustavo Panisset (óculos escuros). Estes pilotos mineiros (com exceção do paulista Negretti) representaram e ainda representam o estado em competições nacionais.
Foto: Vitor de Oliveira / Arquivo Bernardo Starling

No tocante de suplementação, a Creatina é um suplemento que tem demonstrado beneficiar a performance de atletas adultos. A Creatina aumenta a nossa capacidade energética e é naturalmente produzida pelo nosso corpo. A Associação Internacional de Nutrição Esportiva diz que não há indícios de que não deva se suplementar Creatina em atletas mirins, desde que estes não apresentem histórico de complicações renais e/ou hepáticas. Assim, o seu uso na dosagem correta pode ser interessante, inclusive para as meninas que apresentam de 30-50% menos força a partir dos 12 anos quando comparadas aos meninos.

Considerando o elucidado, percebe-se que a preparação física e nutricional é necessária para atletas jovens, e se reconhece a vitalidade da mesma no início de um projeto atlético de longo prazo. Mas também, não podemos esquecer que além de futuros atletas nossos jovens serão pessoas adultas e que se mesmo se retirarmos os benefícios buscados visando maior performance, ainda temos os ganhos de saúde, com redução nas chances de síndrome metabólica, melhora no perfil lipídico, resistência insulínica, densidade mineral óssea, capacidade de captar, transportar e utilizar oxigênio, além do aumento da capacidade funcional em geral.

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*Para mais informações sobre artigos e literatura utilizada neste artigo entre em contato pelo e-mail: contato@bernardostarlingnutricao.com.br

Bernardo Starling é ex-piloto, campeão mineiro de motocross e supercross, nutricionista pós graduado em nutrição ortomolecular e nutrigenômica, mestre e professor em bioquímica.
bernardostarlingnutricao.com.br
facebook.com/bernardostarling.nutricionista
bernardo.starling (Instagram)

José Vani Molino Moiano Junior é mestrando em Desempenho Esportivo - UFPR e preparador físico Equipe Honda Oficial - Motocross
moianotreinador@gmail.com
moianopreparaçaofisica (Instagram)
facebook.com/MoianoPreparacaoFisica

Referências:
FAIGENBAUM, Avery. Resistance exercise and youth: survival of the strongest. Pediatric exercise science, v. 29, n. 1, p. 14-18, 2017.

BEA, Jennifer W. et al. Resistance training effects on metabolic function among youth: A systematic review. Pediatric exercise science, v. 29, n. 3, p. 297-315, 2017.

BARBIERI, Davide; ZACCAGNI, Luciana. Strength training for children and adolescents: Benefits and risks. Collegium antropologicum, v. 37, n. 2, p. 219-225, 2013.

BACH, Christopher W. et al. Anthropometric Characteristics and Performance Capabilities of Highly Trained Motocross Athletes Compared With Physically Active Men. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 29, n. 12, p. 3392-3398, 2015.

KONTTINEN, Tomi; HÄKKINEN, Keijo; KYRÖLÄINEN, Heikki. Cardiopulmonary loading in motocross riding. Journal of sports sciences, v. 25, n. 9, p. 995-999, 2007.

KONTTINEN, Tomi; KYRÖLÄINEN, Heikki; HÄKKINEN, Keijo. Cardiorespiratory and neuromuscular responses to motocross riding. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 22, n. 1, p. 202-209, 2008.







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