Com novos campeões, situação do Motocross Norte-Americano passa por análise
Redação MotoX.com.br: Eduardo Erbs - Fotos: Simon Cudby
Acabou! O Lucas Oil Pro Motocross Championship chegou ao final coroando os dois novos reis do motocross norte-americano. Zach Osborne garantiu o campeonato por antecipação já em Budds Creek, mas Eli Tomac precisou esperar até o final da 24ª bateria do ano para poder ser chamado de campeão.
Zach Osborne
Ambos não encontraram o sucesso tão rápido como alguns premeditavam. Osborne se tornou profissional em 2006, lá mesmo em Budds Creek e depois de algumas temporadas nos EUA, se dirigiu à Europa para pilotar uma Yamaha para Steve Dixon. Há alguns anos Zach voltou aos Estados Unidos, contratado pela Geico Honda, mas depois de mais dois anos e algumas tentaivas frustradas, o piloto foi acolhido por Bob Hewitt na Rockstar Factory Husqvarna, obtendo a sua primeira vitória somente no ano passado, também em Budds Creek.
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Para a temporada 2017, Zach tomou vantagem da parceira do time com Aldon Baker e se reinventou, sendo mais consistente, estando mais em forma, e sabendo minimizar a perda nos seus dias ruins para, quem sabe, poder ser apontado como o melhor piloto da classe de base na atualidade.
Eli Tomac
Já Eli Tomac vem com um background bastante diferente. É filho de um dos mais condecorados atletas do ciclismo americano (John Tomac), e desde crianca, o piloto vem colecionando títulos no circuito amador, contando com suporte das fábricas e grande marcas do esporte. Em 2010, logo na primeira prova de sua carreira profissional, Eli mostrou que seria um campeão, vencendo a primeira bateria em Hangtown e subindo ao pódio no overall, mas mostrando que ainda tinha muito trabalho pra fazer, quase que derrentendo no calor Texano em Freestone, naquele mesmo ano. Em 2012 conquistou o primeiro campeonato de sua carreira profissional, vencendo o titulo da Costa Oeste de Supercross, e em 2013 venceu o Lucas Oil Pro Motocross Championship 250 antes de ser promovido à classe principal em 2014.
Infelizmente a sua carreira nas 450s até aqui foi cheia de altos e baixos, marcada por algumas provas de completo domínio, e outras de quedas espetaculares que lhe renderam serias contusões e impediram que confirmasse seu favoritismo. Depois de um ano dificil com a Kawasaki em 2016 e de perder o Monster Energy Supercross de forma dramática em 2017, Eli finalmente conquistou o seu primeiro titulo no principal palco do motocross mundial.
Marvin Musquin
Blake Baggett
Sem Ken Roczen e Ryan Dungey, Eli era pleno favorito para o título 2017, mas enquanto alguns já falavam de invencibilidade, ninguém contava com um revigorado Marvin Musquin e a volta do El Chupacabra, Blake Bagget ao topo do pódio. Ambos sofreram contusões durante o ano que quase lhes tiraram totalmente de contenção ao título, sendo que alguns ainda poderiam citar que o campeoanto de Eli terá um asterisco no livro dos recordes. Porém, eu sempre repito aqui que "SE" não se usa em motocross e em qualquer corrida, quem cruza a linha de chegada primeiro é o vencedor e Eli Tomac simplesmente mereceu o título em 2017!
Apesar da festa ser de Eli Tomac, o holofote foi apontado a Jeffrey Herlings neste final de semana. O holandês que veio aos Estados Unidos um pouco mais cedo para se preparar para o calor e umidade da Flórida com Aldon Baker, resolveu se inscrever de última hora para a prova em Indiana, aparentemente sem grandes expectativas. Mas logo nos treinos, Jeffrey chegou a botar até 4 segundos de vantagem sobre Tomac. Nas provas, o europeu não deu trégua pra ninguém, pondo um ritmo alucinante na prova desde o início. E quando Tomac tentou ultrapassá-lo, caiu forte e quase viu seu campeoanto ir por água abaixo. Já na segunda bateria, Herlings caiu logo na primeira curva, vindo pratciamente da última posição, para receber um presente de Marvin Musquin, que caiu sozinho lhe dando a vitória de mão beijada.
Jeffrey Herlings
Realmente Herlings fez uma prova sensacional, que eu tenho certeza deixou a maioria dos americanos boquiabertos. Não há duvida de que ainda há uma certa competição Estados Unidos x Europa no cenário do Motocross Mundial, que mesmo que com cinco derrotas consecutivas nos Nações, sempre havia uma certa "razão" a qual os americanos poderiam se desculpar de cada derrota. Mas esta foi a primeira vez na era do motocross moderno que um piloto europeu, veio e simplesmente dominou o final de semana.
Eu acho que isso representa também um mudança que vem acontecendo no mundo do motocross aos poucos, onde os americanos eram conhecidos pela intensidade nas primeira voltas, e seus "scrubs" derivados da técnica de pilotagem adquiridas no Supercross, enquanto os europeus eram conhecidos pela escolha de traçados e se pouparem para as longas baterias, que até poucos anos atrás eram de 40 minutos. Entretanto pra mim fica claro que essa "ordem" do motocross mundial é algo do passado e Herlings mostrou claramente que o motocross europeu também se desenvolveu nos últimos anos, com mais intensidade, com mais
body-english, scrubs e somados com a falta de estrutura das pistas europeias e o fato de que quase não há preparação de pista dentre os dois dias de prova, que os europeus realmente estão um passo a frente do resto do motocross mundial.
Jeffrey Herlings
Além disso, acho interessante o fato de que aqui nos Estados Unidos, em praticamente toda entrevista os pilotos comentam da importância do
set up de suas motocicletas. Vale a pena salientar que Herlings fez o
press-day na quinta feira com um pneu traseiro Pirelli de areia, e o dianteiro usou de uma marca que comeca com "D"... e até mesmo na corrida usou pneus desenvolvidos para o mercado americano, e não os pneus de fábrica que esta acostumado a usar na Europa. A moto que Herlings correu era de Trey Canard, e tinha as suspensões que ele usa na MXGP, porém o quadro é um quadro normal de produção, diferente dos quadros
works que usam na Europa. Além disso, o combustivel usado aqui nos Estados Unidos é bastante diferente do que usam no MXGP, então as caracteristicas do motor e a "tunagem" da injeção eletrônica também são bem diferentes das quais é acostumado.
Mas nada disso parecia ter lhe afetado durante o sábado... enquanto isso, Cooper Web - ou ainda Chad Reed - estão tendo dificuldades com o "set up" de suas motocicletas, mesmo correndo com as mesmas por quase dois anos?! Não sei... certas coisas são realmentes difíceis de entender!!!!
Silly Season
Campeão do Supercross 250 Oeste Justin Hill vai para a JGR Suzuki
O anúncio da semana foi a contratação de Justin Hill pela JGR Suzuki para 2018 e 2019. A fábrica iniciará o ano com o número 1 na moto do piloto, já que permanecerá entre as 250s para 2018, mas tem contrato firmado para pilotar na classe principal em 2019. Achei essa contratação um pouco inusitada para ambas as partes, pois não é segredo que as Suzukis 250s estão bastante defasadas e com isso ele dificilmente terá condições de defender o seu título com sucesso em 2018.
Dylan Ferrandis continua na Star Yamaha
Com a saída de Hill, tudo aponta para que Martin Davalos volte à Pro Circuit Kawasaki para competir mais uma vez na classe de base, independente do sucesso que teve este ano correndo de 450 no Motocross. Adam Cianciarulo, Austin Forkner e Joey Savatgy continuam no time para o ano que vem.
Na Star Yamaha, Mitchel Harrison dá lugar para o estreante Justin Cooper, que terá como colegas Colt Nichols, Aaron Plessinger e Dylan Ferrandis.
Ainda falando de Yamaha, Chad Reed se despediu da marca com um post no Instagram na semana passada, e apesar de eu não poder afirmar com plena certeza, parece que Davi Millsaps tomará seu lugar na equipe de fábrica ao lado de Cooper Webb. Quanto ao australiano, ninguém sabe exatamente o seu paradeiro para o ano que vem, mas rumores indicam que tem treinado de KTM. Faria bastante sentido se acabasse como colega de equipe de Baggett na Rocky Mountain KTM, já que um dos seus melhores amigos, Michael Byrne, é um dos gerentes da equipe. Muita gente ainda comenta sobre a possibilidade de Chad entrar para a esquadra da Factory Red Bull KTM, porém com a contração (ainda não oficial) de Brock Tickle, acho que dificilmente Roger DeCoster estaria disposto a aguentar as famosas manhas do australiano.
Achei interessante a contratação de Jake Weimer pela MotoConcepts para assumir a vaga de Mike Alessi... já que tem tantos pilotos de alto nivel atrás de uma vaga, mas também, nada de errado com o veterano Weimer. Justin Brayton volta ao time que tem como meta novamente somente as provas
indoor em 2018.
RCH Racing fechou as portas após a final do campeonato
As duas maiores interrogações do momento ficam por conta de dois Justins... Boggle e Barcia. Parece que até Ricky Carmichael andou pegando o telefone para recomendar os serviços de Boggle, ja que a RCH Racing encerrou seus serviços para sempre em Indiana. Depois da vitória em Budds Creek, com certeza as ações do piloto subiram um pouco e a JGR é uma das equipes que estaria em negociações com o piloto.
USGP
Este final de semana acontece em Jacksonville, Flórida, o USGP, que marca a primeira colaboração entre a MX Sports e a Youthstream. Depois do "Herlings-Show" em Indiana, os americanos estão contando que um rejuvenescido Eli Tomac, que correrá desta vez sem pressão para, quem sabe, repetir a atuação que teve no ano passado, quando venceu as quatro baterias que disputou nos GPs dos Estados Unidos. Porém, tudo aponta que Jeffrey Herlings vem com o embalo de sua vitória esmagadora em Indiana, e já que a pista é um pouco arenosa e ele corre com a sua própria moto, teria ainda mais razões para dominar o final de semana.
Frase da Semana
It has always been a mystery to me how men can feel themselves honoured by the humiliation of their fellow beings.
Gandhi