Mundial de Motocross anuncia mudanças para a temporada 2014
Redação MotoX.com.br - Por Eduardo Erbs - fotos: R. Archer/S. Gutierrez/S. Cudby/J. Kardas

Gautier Paulin

Há menos de um mês, minha TV me presenteou com duas inesperadas horas de cobertura do GP Brasil do Mundial de Motocross, que chegaram aos meus olhos via um novo canal chamado "beIN Sport", que transmitiu também a prova da Itália quase ao vivo, tudo na melhor qualidade de alta definição (HD). Depois do orgulho de ver uma bela prova a menos de uma hora de 'casa', o GP da Itália serviu como um bom comparativo para mim, em relação às do AMA, que eu estou mais acostumado a ver, analisar e comentar. Achei que o meu novo 'acesso' à estas provas poderiam adicionar um pouco a minha coluna.

Além do fato de eu estar feliz com a performance de Gautier Paulin, por dar um pouco mais de emoção ao "Cairoli-show" - que vimos no ano passado - notei certas diferenças em relação ao AMA MX, tais como a preparação da pista, entre as primeiras e segundas baterias, e o cansativo tempo (para pilotos e espectadores) de 35 minutos, mais duas voltas de prova.

Coincidentemente, esta semana, muita coisa aconteceu fora das pistas, que afetará o rumo do Mundial de Motocross.

Tudo começou nesta segunda-feira, quando Jeffrey Herlings twitou que, devido à regra que automaticamente promove os pilotos da MX2 à subir de categoria, depois de defender seu título por uma temporada, seu futuro poderia ser em terras americanas, pois ele não pretenderia correr por mais de dez anos na MX1.

Tony Cairoli

Jeffrey Herlings

Nesta quarta-feira, os dirigentes da FIM, Youthstream e da Motorcycle Sport Manufacturers Association (MSMA), assim como representantes dos principais times que participam do Mundial, se reuniram para discutir as regras e o futuro do campeonato, que a meus olhos, vem perdendo um pouco de prestigio de certa forma. Entre as principais mudanças, posso destacar:

1 - A principal categoria do campeonato, a MX1, será agora chamada MXGP, e esse título será exclusivo para o Mundial de Motocross, não podendo ser usado em outros países ou campeonatos. (Tanto fez como tanto faz).

2 - As baterias das provas deixam de ter 35 minutos, para serem de 30 minutos, com mais as tradicionais duas voltas (fator que eu acho positivo, para a segurança dos pilotos e, quem sabe aquela velha ideia de que competidores dos GPs terem inicio de provas mais conservadores do que os dos pilotos da AMA).

3 - A classe MXGP terá a participação máxima de (somente) 30 pilotos (será que os organizadores não perceberam que o gate de largada conta com 40 lugares?). A MX2 continuará com 40 pilotos.

Alguém será capaz de deter Jeffrey Herlings em 2014?

Clement Desalle

4 - A idade máxima permitida para pilotos disputarem a MX2 continua sendo 23 anos, porém, o piloto poderá defender seu título quantas vezes quiser (essa regra já está criando grande repercussão, pois claramente determina o futuro de Jeffrey Herlings para as próximas temporadas).

5 - A MX3 foi abolida do campeonato, assim como as Superfinais nas corridas fora da Europa (bem, eles tentaram fazer algo diferente e mais excitante nas corridas fora do Continente. Não funcionou? Não tem problema, vamos voltar à velha forma, o que acho que não tem nada de errado com isso).

6 - A regra dos 108% também foi abolida (mesmo que, pelo que sei, não foi muito aplicada), porém a FIM ainda se reserva o direito de impedir um piloto de largar, se ele não se encaixar no mesmo nível de pilotagem dos seus competidores.

7 - Ainda está sob discussão entre as entidades e as fábricas europeias e japonesas, o futuro das cilindradas das motocicletas, como também a questão da disparidade entre motocicletas de dois e quatro tempos nas provas.

Para resumir a historia, quem já participou de algumas provas de Mundiais ou Motocross das Nações, sabe que a FIM e a Youthstream têm suas falhas e dificuldades (para ser gentil) e, é claro, que sempre que ocorrem mudanças, algumas agradarão e outras não, porém, no final das contas, acredito que a maioria dessas mudanças é bastante válida, já que não é novidade para ninguém que o Campeonato Mundial vem perdendo um pouco de prestígio e pilotos para terras norte-americanas.

Husqsabergvarna


Ainda sobre noticias do outro lado do Mundo, esta semana tivemos um pouco mais de informações sobre o futuro da Husqvarna, que recentemente foi comprada pela Pierer Group, empresa de Stefan Pierer, CEO da KTM. Em primeiro lugar, finalmente foi descartada a ideia de que Jeffrey Herlings poderia representar a escuderia em 2014, fato que desde o início eu já achava no mínimo absurdo. A principal novidade da semana foi a contratação do ex-campeão mundial de 500cc, Jacky Martens, que será responsável pelo time oficial da marca na categoria MX2. O time Ice One Racing, do campeão de F1, Kimi Raikkonen, poderá ser o candidato a representar a marca na classe principal (MXGP), em 2014.

A vida na Europa foi mais difícil do que Jimmy Decotis (esq) imaginou

The Americans: O GP da Itália foi bastante complicado para os americanos. Os estreantes Michael Leib e Jeff Alessi tiveram uma prova difícil, com Leib machucando o ombro logo no domingo de manhã, e Jeff Alessi, que acabou o dia sem marcar ponto algum. Jimmy Decotis, da CLS Kawasaki, encerrou sua participação no campeonato com apenas 11 pontos em seis etapas. Dez desses 11 pontos foram conquistados no Brasil (o outro na Itália), nos outros quatro GPs que participou não pontuou, o que não agradou nada tanto o próprio Jimmy como a equipe que esperava um pouco mais.

KTM: Depois de anunciar o contrato de três anos com Stefan Everts, Pit Beirer revelou, esta semana, a extensão do contrato de Jeffrey Herlins por mais dois anos.

AMA Motocross Budds Creek


A tradicional pista de Budds Creek, em Maryland, recebeu a quinta etapa do Lucas Oil AMA Motocross. A pista como sempre, pode ser usada como modelo, com suas diferentes elevações, linhas variadas para ultrapassagens, o famoso Henry Hill onde o Bubba Scrub foi inventado e uma grande seções de "rollers" em curva, que acabou sendo ponto de ultrapassagem de muitos pilotos. A unica falha de Budds Creek seria a largada, que da muita vantagem aos pilotos que largam de dentro, sendo quase impossivel um dos pilotos de fora chegar na frente da primeira curva. Pra quem lembra, em 2007 no Motocross das Nações, os dirigentes da FIM acabaram movendo a largada de lugar para tentar reduzir a grande disparidade com as motos de cilindradas diferentes ocupando o mesmo gate.

Ryan Dungey mostrou o porquê do número 1 estampado em sua Red Bull KTM, tendo, com certeza, a melhor prova do ano. Dungey, na primeira bateria, vinha claramente tirando a vantagem de Ryan Vilopotto, porém, um erro na seção de "rollers" deixou o piloto no chão, sem ar, mas de alguma forma, Dungey ainda conseguiu salvar o segundo lugar. Na segunda bateria, os papéis foram trocados, com Dungey tomando a liderança da prova logo na primeira volta, enquanto Vilopotto levava cinco voltas para alcançar a segunda colocação. The Dungenator fazia uma prova perfeita, com voltas mais rápidas que todos os seus concorrentes, para vencer de forma convincente e mostrar que ainda briga pelo titulo de 2013.

Ryan Villopoto

Blake Baggett

Na Lites, Black Baggett conquistou seu primeiro overall do ano, com um ataque "a la Chupacabra", sobre o duo da KTM na primeira bateria. No entanto, Eli Tomac foi o piloto de mais destaque no dia, vindo do 13º lugar para ocupar a ponta na segunda bateria, com voltas de até quatro segundos mais rápidas que os ponteiros, para abrir uma confortável liderança nas voltas finais, que acabou lhe rendendo a segunda posição na geral. Completando o pódio, Marvin Musquin, seguido por Ken Roczen, que estava doente toda semana, tendo seu pior resultado até então, ficando fora do pódio pela primeira vez neste ano.

Destaques: Entre as 250cc, o terceiro lugar de Darrin Durham, na segunda bateria, foi realmente impressionante, depois de o piloto liderar as voltas iniciais da prova. Will Hahn foi outro que se destacou com dois holeshots, em sua primeira prova "outdoors" este ano, terminando na quinta colocação.

Nas 450cc, as honras vão para Malcolm Stewart, que pôs a Troy Lee Honda no pódio da categoria pela primeira vez. Trey Carnard também conquistou seu primeiro pódio da temporada na terceira posição. Além dele, posso destacar Justin Brayton em sexto, Jake Weimer em oitavo e, mais uma vez, Phill Nicoleti terminou a prova entre os Top 10, com a nona colocação.

Malcolm Stewart

Rookies: A batalha entre Cooper Webb e Adam Cianciarulo, que todos esperavam, não aconteceu. Cianciarulo teve uma largada brilhante na primeira bateria, mas foi perdendo terreno durante a prova e acabou somente na 14ª posição. Cooper Webb também não teve uma prova expressiva e os dois acabaram em 17º e 16º, respectivamente. Justin Hill foi o melhor novato do dia com a décima colocação no geral.

11+10 = 0: A Eleven Ten Mods Racing, definitivamente, fechou as portas antes deste último final de semana. A equipe conhecida por seu furgão preto fosco, com quase um milhão de milhas no odômetro, resolveu jogar a toalha, porém, seus pilotos Alex Martin e Brady Kiesel, foram adotados pela Rocky River Yamaha, que já prestou auxílio antes a seu velho time.

Mike Brown

Veteranos: Mike Brown participou da primeira das três etapas que disputará este ano, terminando na 25ª colocação. Este final de semana, Jhon Dowd, encerra oficialmente sua carreira profissional em Southwick, que também dá adeus a suas atividades com a AMA, devido a um problema entre os donos da terra e os dirigentes da pista. Brett Metcalf, que está correndo no Canadá, também participará da prova.

Canada: Agora falando do piloto Jake Canada, confirmamos que ele está oficialmente fora da Motoconcepts Racing. O press release do time foi bem claro em anunciar que Jake não estava cumprindo uma das cláusulas do contrato do time, relativa a requerimentos médicos.

Frase da semana

"Speed has never killed anyone, suddenly becoming stationary... that’s what gets you."
- Jeremy Clarkson