Canadá recebe o circo do Supercross, única prova fora dos Estados Unidos
Redação MotoX.com.br - Eduardo Erbs - Fotos: Divulgação / Simon Cudby
Ryan Villopoto |
Neste último sábado, pilotos e equipes cruzaram a fronteira norte dos Estados Unidos, para competir na única prova internacional do circuito, em Toronto, no Canadá.
Apesar do público não ter sido tão grande como nas últimas etapas - talvez devido à falta de tradição do esporte no país - as provas não deixaram a desejar, principalmente nas 450cc.
Chad Reed foi um dos principais focos das atenções, com a declaração que iria passar por uma pequena cirurgia no joelho no início desta semana, para reparar ainda algum danos remanescentes da violenta queda em Dallas, em 2012. O australiano declarou que gostaria muito de sair de Toronto em grande estilo, com uma vitória. Tendo sua melhor largada do ano, ele liderou o início da bateria, para logo mais ser superado por Ryan Villopoto, Davi Millsaps e Ryan Dungey.
Pódio da categoria 450 |
Chad Reed |
Entre as 250cc, o francês Marvin Musquin, piloto da Red Bull KTM, continua no domínio, vencendo a terceira prova seguida, mesmo depois de uma violenta queda nos treinos cronometrados. Logo atrás de Musquin, veio Will Hahn, da Geico Honda, que nas últimas etapas vem tentando administrar a liderança do campeonato. Para completar o pódio, chegou Blake Warthon, da Rockstart Energy Suzuki.
Sinceramente, eu ainda tenho dúvidas sobre o traçado da pista. Toronto tem um dos maiores estádios do circuito, consequentemente o pessoal que prepara a pista, teria mais espaço para trabalhar, podendo usar um pouco de criatividade na construção, mas eu achei ela um tanto travada, especialmente para as 450cc. O solo, inicialmente, foi elogiado por todos, pois estava bem menos duro, e com menos pedras do que nos outros anos, porém, em alguns pontos da pista, algumas canaletas chegaram no cimento, e dificultaram a entrada de alguns saltos. Uma das partes mais interessantes contava com um trecho onde alguns pilotos faziam triplo-triplo, e outros, faziam triplo, duplo, single... ou ainda três duplos, sendo que este tipo de seções de pulos sempre são elogiadas pelos pilotos por criar oportunidades de ultrapassagem. Ainda vale a pena lembrar que no design original da pista, foi criada uma enorme seção de costelas, as quais foram desbastadas antes do início da prova, depois de um grande debate, que foi iniciado pelas críticas de Chad Reed, sobre o alto grau de periculosidade dos obstáculos.
David Millsaps |
Voltando às 450cc, assim como em Indianápolis, as primeiras voltas foram realmente emocionantes. Com certeza, Davi Millsaps parecia estar totalmente renovado, voltando a mesma velha-forma do começo do campeonato, tirando a liderança de Reed. E, mesmo superado por Villopoto, o piloto conseguiu pressioná-lo por uma boa parte da prova, além de manter o controle diante do ataque de Ryan Dungey, que parecia estar em mais uma noite inspirada. Mas, quando buscou uma nova linha pela parte de areia, acabou deixando sua moto morrer e não completou o triplo seguinte, sendo temporariamente ultrapassado por Reed. James Stewart, que no início da corrida ocupava a quinta posição e parecia que iria brigar novamente pelas posições ponteiras, acabou deixando sua Suzuki morrer (assim como em Indianapolis) e fechou a prova somente na sétima posição.
Mr. and Mrs. Musquin |
Jeremy Martin |
Quem se deu bem: O novato Jeremy Martin, depois de um final de semana desastroso em Indy, voltou a ocupar a quarta posição. Ainda nas 250cc, Vince Friese e Cole Thompson tiveram os melhores resultados de suas carreiras, terminando a prova em quinto e sexto, respectivamente. Já nas 450cc, Jake Weimer acabou a prova em sexto, o que não é nada mau depois de todas as reviravoltas de sua temporada, e Matt Goerke, que vem de fininho fazendo uma sólida campanha, mais uma vez entrou nos top 10.
Quem se deu mal: Mike Alessi abandonou a prova após uma queda, continuando sua má atuação na temporada. Jimmy Albertson se envolveu em um acidente na largada da LCQ e acabou de pulso quebrado. Justin Hill, da Monster Energy Pro Circuit Kawasaki, também foi para casa um pouco mais cedo, depois de ser usado como pista de aterrissagem por Gavin Faith. Hill saiu da pista segurando o pulso, mas até o momento não tenho um update do piloto.
Justin Hill |
TC41: Trey Carnard ficou de fora por causa da concussão obtida em Indy, mas com a pausa neste final de semana, o piloto está confiante para seu retorno às pistas em Houston, no Texas.
Blake Wharton |
E-start: Indianápolis
Ryan Dungey |
abriu uma brecha para um assunto que há algum tempo eu estava pensando em abordar, que é o fator partida elétrica. Quem está por dentro deste assunto, sabe que a KTM tem sido a marca pioneira neste tipo de tecnologia, sendo que há alguns anos, até suas motos de enduro de 2 Tempos contam com o equipamento. Desde 2007 a companhia aboliu totalmente o pedal de partidas no modelo 450SX-F, e mais recentemente, em 2012, sua irmã menor, a 250SX-F resolveu aderir à moda. Apesar de que para alguns a ideia é brilhante, para outros ainda há controvérsias.
Havia muitos comentários e especulações sobre a nova Honda CRF 450R 2013, que a moto poderia vir equipada com partida elétrica ou talvez com a embreagem de acionamento hidráulico como as suas motos oficiais. No entanto, um engenheiro da fábrica me explicou que devido aos altos investimentos feitos com o teste e desenvolvimento das motocicletas, eles decidiram usar os métodos mais "convencionais" de partida a pedal e embragem a cabo para manterem o custo da moto mais baixo. Eu também diria que esta resposta provavelmente poderia vir a calhar para a maioria dos outros fabricantes. Além disso, vale a pena lembrar a questão do peso, que no caso da Honda, poderia vir a interferir na sua reputação de ter a 450cc mais leve do mercado.
Indo um pouco mais a fundo nas investigações, eu descobri que no caso da KTM, um kit de partida elétrica poderia adicionar até 3.6 quilogramas no peso final da moto, considerando baterias convencionais de chumbo e ácido, que pesam em torno de 1.8 kg. Mas, com a tecnologia das baterias de Lithium, como por exemplo da marca Shorai, que pesam somente 600 gramas, a partida elétrica pesaria 2.4 kg. No caso da KTM, que em alguns modelos aboliu o pedal de partida, engrenagem e eixo que pesam outras 600 gramas, a adição final na moto, gira em torno de 1.8 kg.
James Stewart |
Onde eu quero chegar, é que James Stewart deixou sua moto morrer nas duas últimas provas, o que lhe fez perder em ambas pelo menos duas posições. Além dele, o novato Zach Bell teve que enfrentar uma LCQ por não conseguir ligar a moto, Justin Barcia não subiu ao pódio em Anaheim 3, depois de brigar pelas posições ponteiras...etc...etc. Por outro lado, Dungey errou neste final de semana, mas em nenhum momento suas rodas pararam de girar, e mesmo perdendo uma posição, eu calculo que foi uma pequena fração do que seria se o piloto não contasse com o "botão mágico" no seu guidão.
Com todas estas informações e pensamentos, será que os pilotos profissionais aprovariam um pouco mais de peso em suas motos, para ter a seguranca da partida elétrica? Será que as fábricas japonesas vêem esse tipo de equipamento no futuro de suas linhas de produção?
Frase da semana:
Faster, faster, faster, until the thrill of speed overcomes the fear of death...
Hunter Thompson