Coluna do Edu Erbs #7 – Histórias de Budds Creek
Redação MotoX.com.br - Texto: Eduardo Erbs - Fotos: Hoppenworld.com / Supercross.com

Circuito de Budds Creek

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Budds Creek, sem dúvida, é um dos principais palcos do motocross norte-americano e, talvez, mundial. Tudo isso se deve à história construída na pista, que vem de décadas atrás. A começar pelos GPs realizados por aqui, quando os europeus ainda dominam o esporte, passando pelos anos 90 quando Doug Henry deixou sua marca, o ‘Henry-Hill’, na enorme descida da pista, e sofrendo sua primeira lesão na coluna. Ainda nesta mesma colina, porém com a pista no sentido contrário, foi onde o então novato James Stewart começou a ‘voar baixo’ com sua KX125, ‘dando à luz’ ao Bubba-Scrub, que hoje em dia está no repertório de qualquer piloto intermediário que conheço.

Veja também: Clipe GoPro de Budds Creek

Mais recentemente, em 2007, boas lembranças para o motocross brasileiro com a classificação da equipe para a final do Mundial das Nações, e o fato histórico de Ryan Villopoto dominar uma das baterias em sua KX250F, batendo até seu companheiro de equipe Ricky Carmichael.

Este fim de semana, novamente, a pista estava impecável e foi bastante elogiada pelos pilotos, apesar de que especialmente nas primeiras baterias não tinha um número desejado de linhas de ultrapassagens. Além da curva de largada, de quase 180 graus, muito ampla, e quase sem afunilamento, que prejudica muito aos pilotos no final do gate, fazendo quase impossível ter uma largada decente se o competidor não se qualificar entre os 15 primeiros.

Ryan Dungey

Ryan Dungey não tem economizado sorrisos na temporada

Nas provas, assistimos mais um passeio de Ryan Dungey, que na primeira bateria tirava praticamente um segundo dos seus adversários a cada minuto de prova. Em segundo lugar vimos um surpreendente Brock Tickle, tendo largadas descentes, passando por adversários de renome como Mike Alesi, Jake Weimer e Andrew Short, em sua melhor performance desde que se consagrou campeão de Supercross Lites em maio do ano passado.

Quero dar destaque a Tickle, que se encontra em uma situação bastante interessante. Para quem não se lembra (ou não sabe), Tickle tinha um contrato de dois anos com Mitch Payton e a Pro Circuit Kawasaki, mas por uma nova regra da AMA, foi obrigado a andar nas 450cc. Mitchy Payton resolveu cumprir seu contrato e pela primeira vez na história resolveu se aventurar na classe das maiores cilindradas. Este ano é outra fase de contrato para Tickle e, definitivamente, depois de conquistar o campeonato na Lites, o piloto teve um resto de ano apagado no motocross, com muitas dificuldades para se adaptar as 450cc na temporada de supercross deste ano.

Broc Tickle

Mike Alessi

O piloto tem um futuro um tanto incerto, pois seu contrato com a Pro Circuit vence esse ano e há muitas dúvidas se Mitch Payton continuará sua ‘aventura’ nas 450cc, pois isto poderia gerar um conflito de interesses entre a Pro Circuit e a Factory Kawasaki, que trabalham juntas há muitos anos. Tickle está aproveitando a ausência de alguns pilotos pra se destacar nas posições dianteiras nas últimas provas e, mesmo com duas baterias incompletas por problemas em sua Kawasaki, ele ocupa a sexta posição no geral do campeonato.

Falando ainda sobre as Kawasakis, há duas semanas, em Red Bud, assistimos o retorno de Tyla Rattray às pistas, depois de ter a mão fraturada na primeira bateria do ano em Hangtown. A seu lado, o guerreiro Jake Weimer, que merece destaque por seu quarto lugar. Depois de levar uma forte pedrada no peito, o piloto começou a cuspir sangue durante a prova, e mesmo com o susto depois de ver a sua luva encharcada de sangue, acelerou ate é reta de chegada. Jake passa bem, e já está de volta aos treinos.

Pra fechar as 450cc, mais uma vez, Mike Alessi, que já renovou contrato com a Motoconcepts, acabou novamente na terceira posição. Não é segredo que Mike vem tendo um pouco de dificuldades de se acertar na equipe privada, especialmente em relação à suspensão, pois todos sabem que ele, apesar de veloz e experiente não é um grande piloto de testes, e eu pude acompanhar isso em primeira mão, quando ainda estava na KTM, pois Mike Sleeter - piloto de teste e desenvolvimento da marca - fazia todo o acerto da moto do competidor.

Lites

Marvin Musquin

Ken Roczen liderou mais voltas que todos os adversários, mas ainda não cruzou a bandeirada na frente.

Na Lites, mais uma vez, vimos o ‘repeteco’ dos quatro ponteiros nas quatro primeiras posições e Marvin Musquin, mesmo acabando com dois quartos lugares, como sempre, ficou com o quinto na geral. Justin Barcia ganhou pela terceira vez a primeira bateria em três provas consecutivas, e Roczen acabou subindo ao segundo lugar no pódio, depois de outros terceiros lugares consecutivos. Blake Baggett, com a ‘ajuda’ de alguns retardatários, mais uma vez despontou, atacando Ken Roczen, que liderava absoluto na segunda bateria, para finalizar a prova e o overall na primeira posição, estendendo a liderança para 13 pontos.

Mais uma vez, vou falar um pouco mais de Ken Roczen. O atual campeão mundial tem as melhores estatísticas dos quatro ponteiros, sendo que é disparado o melhor largador entre os quatro, tendo a melhor media nas posições na primeira volta. K-Roq é o piloto que liderou o maior número de voltas até então e o único que conquistou o podio em todas as cinco corridas disputadas.

O que está faltando para Kenny ganhar sua primeira prova? Ninguém sabe ao certo. Como eu disse em minha última coluna, acredito que tanto ele como Musquin precisam de um treinamento um pouco mais rigoroso e, com certeza, um pouco mais de experiência no ritmo de corrida americano poderá também ajudá-los. Outro fator que acho interessante é que se olharmos um pouco nos últimos anos na Lites Class, os campeões das temporadas não se destacaram antes da metade dos campeonatos. Dean Wilson venceu somente duas ou três provas no final do ano passado. Trey Canard venceu pela primeira vez em 2010 somente na quinta ou sexta etapa, deixando uma final emocionante para a última prova em Pala, quando Pourcel acabou se machucando, e ainda em 2009, Ryan Dungey só tirou a liderança de Pourcel, quando a sua Pro Circuit Kawasaki o deixou de pé,debaixo de uma incrível chuva na arenosa pista de Southwick, na penúltima etapa.

Então, onde que quero chegar com isso tudo é que, com certeza, há grandes expectativas sobre a primeira vitória de Roczen outdoors, que provavelmente acontecerá mais cedo do que imaginamos. De um lado ou de outro, se pararmos para pensar um pouco nos números, estatísticas e na historia, talvez Kenny possa ainda ter um primeiro ano muito promissor nos Estados Unidos.

Ryan Villopoto

Ryan Villopoto

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Ryan Vilopotto está de fora, lesionado, mas o atual campeão andou dando uma voltinha na Bélgica, conferindo os GPs, visitando Stefan Everts e mantendo algumas obrigações com os patrocinadores. O piloto confirmou que dificilmente voltará à ação esse ano para o AMA Motocross e, consequentemente, para o Mundial das Nações. Ryan também cogitou a vontade de fazer uma temporada inteira no Mundial de Motocross, talvez em 2016. As novidades não param por aí, pois na quarta feira (20), o piloto fez a festa de lançamento de seu novo filme "2 Be Continued", em Foothill Ranch, nas instalações da Oakley. Ryan tem seu contrato vencendo no final deste ano e o fato de que a Kawasaki não foi uma das patrocinadoras do filme, pôs um pouco de gasolina na fogueira de que Ryan esteja de negociações com a Honda para 2013. Inclusive, Jeremy McGrath assumiu ter muito interesse no piloto. Mas, particularmente, acho um pouco improvável que isso aconteça.

Ainda sobre contratações, a "silly-season" deste ano começou cedo, e parece que não vai ser tão excitante como a do ano passado - principalmente depois do drama entre as contratações de Ryan Dungey pela KTM, e de Bubba Stewart pela JGR. Acredito que este ano não teremos muitas surpresas, mas mesmo assim, vamos fazer um pequeno update no que sabemos até agora.

Blake Baggett seria o único confirmado para 2013 na Pro Circuit Kawasaki

- Trey Canard está de contrato assinado com a American Honda, (assim como Justin Barcia) deixando Justin Brayton em uma situação um tanto duvidosa.
- Bubba, como já sabemos, está de contrato assinado com a Yoshimura Suzuki, deixando Brett Metcalfe com uma situação similar a de Brayton.
- Na Kawasaki, Jake Weimer estará de volta e Vilopotto ainda é dúvida, porém, pelo que tudo indica, ele ficará por ali mesmo.
- O novato Jeremy Martin, irmão mais novo de Alex Martin, tem contrato assinado com a Star/Valli Yamaha e ainda poderá disputar algumas etapas do campeonato deste ano.
- Várias dúvidas pairam sobre a Pro Circuit Kawasaki, pois ate então, o único piloto confirmado no time seria Blake Baggett. Dean Wilson poderia passar para as 450cc (talvez Two Two Motorsports ou até a KTM). Tyla Ratray também parece que irá para as 450cc. Quanto à Darrin Durham, ninguém sabe do paradeiro do garoto, além disso, alguns rumores indicam que Martin Davalos se juntaria ao time, além dos boatos que Mitch Payton anda com olhos virados para o francês Marvin Musquin, mas aparentemente, o mesmo continuará em sua fiel KTM.
- Na KTM, Dungey e Roczen já estão com contratos assinados e parece que Marvin ficaria também no time. Porém, Roger Decoster não esconde que gostaria de ter alguém ao lado de Dungey, talvez até em uma 350 SX-F, para o próximo ano.


Nesse último final de semana, pude realizar mais um pequeno sonho de poder treinar em mais uma pista do americano de MX, que foi Hangtown, onde acontece a abertura do campeonato. Tudo isso, graças à convenção anual dos distribuidores KTM, onde também pude conferir e testar todas as novidades da marca para 2013, mas para não me estender muito, voltei logo com alguns detalhes e novidades da marca, além de uma espiada nos X-Games, que aconteceu aqui em Los Angeles neste final de semana.

Frase da Semana:

Have more than thou showest, Speak less than thou knowest.
William Shakespeare