Evento misturou modalidades em formato único no interior de São Paulo
Redação MotoX.com.br - Lucídio Arruda - Fotos: Lucídio Arruda / Maurício Arruda
Sul-africano Brian Capper venceu a disputa invicto
Que tal misturar num mesmo circuito motocross, enduro cross e trial disputados no formato de supercross com classificatórias, semi-finais, repescagens e a grande final? Tudo isso no meio de um canavial com a vista fechada impedindo, por exemplo, saber a distância em relação aos seus adversários. O Red Bull Cross Choice inovou numa disputa onde o imprevisto foi o fator preponderante.
Veja também:
Vídeo 1 - A Palavra dos Pilotos
Vídeo 2 - Clipe do Evento
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O formato
Uma largada no estilo motocross com um percurso de aproximadamente 400 metros que levava ao circuito principal. Este, em trilha aberta no meio do canavial tinha pouco mais de 1 quilômetro. Era onde os pilotos percorriam o tempo regulamentar (mais uma ou duas voltas) e então voltavam pelos mesmos 400 metros até a chegada (localizada na primeira curva após a largada).

Jean Ramos larga na frente durante a terceira classificatória. Porém essa primeira parte do percurso não contava muito para o resultado final |

Adam Raga |
O circuito principal projetado e construído por Luciano Peixoto com o suporte de Nino Bernucci tinha duplos, mesas, costelas e até um parte dividida em "8" onde um lado saltava por cima do outro. Mas a principal marca da disputa foram os três "choices", cada um com quatro opções por troncos, pneus, grandes carretéis de madeira ou lama (areia movediça?), montados especialmente para dificultar ao máximo a vida dos pilotos. A cada volta um destes choices aleatoriamente era fechado. A direção de prova ficou sob o comando de Fernandinho Silvestre.
Foram convidados 32 pilotos de diversas modalidades. Motocross, enduro, rali, trial, supermoto, freestyle e até motovelocidade tinham seus representantes na competição. A organização do evento trouxe três estrangeiros: Adam Raga (Espanha), 7 vezes campeão mundial de trial, Diego Ordoñez (Guatemala), campeão latino-americano de trial e Brian Capper (África do Sul), campeão nacional de supermoto, mas também com muita experiência no trial e em provas de enduro extremo.

Brian Capper ultrapassa Leandro Silva na primeira classificatória |
Corridas

Thiago Pimenta classificou-se com uma moto de trial |
Adam Raga chegou como principal estrela e favorito. Mas o sul-africano tratou logo de inverter a situação. Com muita desenvoltura nos choices e boa velocidade nos demais trechos, Capper venceu sua classificatória com 7 voltas, uma a mais que as outras três classificatórias. Wellington Garcia foi o segundo colocado quase 1 minuto e meio atrás.
Nas demais classficatórias algumas supresas. Rigor Rico venceu a segunda bateria com 3min20seg de vantagem sobre Gustavo Amaral. Rômulo "Oncinha" Bottrel deixou Adam Raga para trás na bateria três e Vinícius Ribeiro venceu a quarta classificatória com dois minutos de vantagem sobre Diego Ordoñez. Nielsen Bueno foi o primeiro colocado na repescagem que classificou quatro pilotos para a fase seguinte.
Mesmo nesta primeira fase das disputas a grande maioria dos pilotos voltava aos boxes exausta. Cada "entalada" nos choices obrigava o competidor a um esforço quase "alienígena" para se livrar do trecho. Muita gente boa desistiu ainda no início.

"Joga a moto e seja o que Deus quiser" foi um recurso muito usado para transpor os obstáculos |
Semi-finais
Brian Capper confirmou que não estava lá para brincadeira. Venceu a semi-final número 1 com uma volta de vantagem sobre Leandro Silva. Novamente dando uma volta a mais que Adam Raga, vencedor da semi-final 2 a frente de Ordoñez. Felipe Zanol errou o "duplo do 8" e ficou sem vaga para a fase seguinte. Com viagem marcada para os Estados Unidos durante a noite, preferiu se poupar para os testes e acertos finais do Rally Dakar.
As duas últimas vagas na final foram conquistadas na última repescagem por Gustavo Amaral, único que emendava um desafiador quádruplo na seção de troncos, e Rigor Rico.

Congestionamentos nos choices foram fequentes |
Finais

Rômulo Bottrel |

Diego Ordoñez |
Depois de tantas baterias e um tipo de esforço que boa parte dos pilotos não estava acostumada, o preparo físico foi fundamental para enfrentar os 20 minutos mais duas voltas da final. Em jogo R$ 20.000,00 divididos entres os três primeiros colocados.
Capper conseguiu colocar seu plano em prática de assumir a liderança após os primeiros choices. Raga foi quem mais incomodou o sul-africano, que no entanto conseguiu abrir vantagem e administrar a vitória por pouco mais de 30 segundos.
Leandro Silva mostrou que aprende as novidades rápido e foi o único a completar as mesmas 14 voltas dos líderes. O paranaense ficou com a terceira posição e a honra de melhor brasileiro na competição.
Duas voltas atrás chegou Diego Ordoñez seguido de Rômulo Bottrel e Wellington Garcia. Tiago Pimenta, único a se classificar com moto de trial, completou a prova na sétima posição.
Capper comentou a estratégia para vencer: "Algumas das vias eram mais difíceis, mas acho que a principal coisa neste evento era pegar um caminho com a menor quantidade de adversários possível."
O Red Bull Cross Choice foi aprovado pelos pilotos. Um evento muito bem executado, marca registrada de tudo que a marca de energéticos promove. Estamos na torcida para que a prova retorne ano que vem, quem sabe, aberta ao público, algo que só multiplicaria o sucesso da prova que teve patrocínio de Sky, Renault e Lubrax.

Brian Capper |
Resultados
1. 13. Brian Capper - 24:10:192 - 14 voltas
2. 6. Adam Raga - +31.584
3. 18. Leandro Silva - +1.01.985
4.1. Diego Ordonez - 2 voltas
5. 26. Rômulo Bottrel - +9.646
6. 32. Wellington Garcia - +59.236
7. 28. Thiago Pimenta - 3 voltas
8. 20. Nielsen Bueno - + 40.583
9. 12. Gustavo Amaral + 2:41.251
10. 25. Rigor Rico - 4 voltas
11. 14. Jean Ramos - 5 voltas
12. 3. Hector Assunção - 12 voltas