X Fechar
foto

X Fechar
foto
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais


>Entrevistas > Entrevistas

Jorge Balbi Jr. Conta sobre o Mundial
Publicado em: 23/09/2005
Clique e saiba mais

10 minutos com Jorge Balbi Jr
Por: Lucídio Arruda

O ano de 2005 foi para Antônio Jorge Balbi Jr. bem diferente do que havia programado no final de 2004. Após partir para a América do Norte e tentar suas chances no AMA Supercross e Motocross o mineiro deu uma guinada rumo ao velho continente quando surgiu a chance de competir no Mundial com uma boa estrutura.

Aproveitamos a presença de Balbi no Arena Cross em Tambaú onde ele foi acompanhar sua irmã Mariana para saber um pouco mais sobre sua temporada européia e também para conferir seus próximos planos.

Confira abaixo como foi a conversa:

MotoX - Qual era a sua estrutura na Europa?

Balbi - A Vaz alugou um apartamento para mim, também compraram um furgão para eu usar nos treinos e eu tinha o apoio da equipe Ricci Racing nas corridas. Para treinar muitas vezes eu não tinha o apoio do mecânico, tinha que treinar sozinho, mas nas pista lá sempre tinha alguém para ajudar, dar uma força.
Nos dias de competição a gente tinha todo o apoio da equipe. A equipe Vaz tinha duas motos Yamaha YZ450F. Por causa de algumas diferenças de patrocinadores eu não ficava no caminhão da equipe, tinha um carro separado, mas nas provas contava sempre com um mecânico e todo o apoio da Ricci Racing.

Qual foi a principal diferença que você sentiu dos Estados unidos para a Europa?

Olha, é até difícil falar, porque já tem tem uma diferença grande dos Brasil para Estados Unidos. Aí junta Estados Unidos e Europa... nos Estados Unidos a gente tem um nível técnico de pista alto e chegando na Europa, não significa que sejam pistas inferiores às dos Estados Unidos, mas é bem diferente. Aqui no Brasil as pistas são bem velozes e com chão duro, coisa que certamente eu não encontrei na Europa, pelo contrário, pistas com velocidades bem mais baixas e bem castigadas, com muita canaleta, buraco.

Nos Estados Unidos a gente tem um primeiro pelotão que é muito forte, mas depois cai o nível dos pilotos. às vezes mesmo o Carmichael consegue colocar 5 segundos no segundo colocado.

Numa prova no Mundial é completamente diferente. Por exemplo na Rep. Tcheca eu fiquei a 5 segundos do primeiro tempo (Stefan Everts) e não consegui me classificar. É claro que o Carmichael é superior aos outros, mas no Mundial quando a gente mede a maioria dos pilotos percebe que não é chamado de Mundial à toa, pois lá estão os melhores de cada país.

O equilíbrio é bem maior, então?

Pois é, todo mundo já é campeão em seu país e todos eles são acostumados com as pistas, principalmente na MX1. Lá eu não encontrava nenhum piloto com menos de 5 ou seis anos de Mundial. Ao mesmo tempo fiquei satisfeito porque consegui classificar para algumas provas, mas como eu estava falando: as vezes o pessoal acha que não foi um resultado positivo, mas eu conversei com pilotos bem mais experientes que eu, como o (Alessio) Chiodi que me deu exemplo do Cairoli, campeão mundial da MX2 este ano. Em 2002 ele participou do campeonato inteiro sem conseguir classificar. No ano seguinte classificou-se para algumas, em 2004 já foi a revelação da temporada e esse ano foi campeão do mundo!

É normal esse processo de adaptação e ainda não ter os resultados que eu gostaria de ter, mas estou muito tranquilo quanto a isso e fico muito feliz pela maneira como é o apoio da Equipe Vaz que não tem me cobrado nada, que estão aprendendo junto comigo.

Claro que como toda primeira experiência tem algumas coisas que devem ser mudadas para a próxima temporada, mas o bom é que a gente está trabalhando junto e eu tenho o apoio total deles.


A pista de Gaidorf na Alemanha
foto cortesia: www.mrpro.com.br
Qual foi a pista que mais te impressionou?


Na verdade foram duas. Na alemanha começou a chover na quinta a noite e domingo na hora da corrida estava chovendo... foi impressionante! Eu que sempre me achei bom de barro (risos) vou te falar que parecia um enduro! Tinha moto atolada, foi bem difícil. Mas até que eu consegui andar bem nessa etapa, na segunda bateria estava na 16ª posição só que tive um problema mecânico faltando 6 minutos para o final da prova.

A outra etapa impressionante foi a corrida da Holanda que é areia, muuuito difícil (risos). É impressionante, a gente não está acostumado a andar na areia aqui no Brasil. Às vezes tem prova que é colocada areia na pista, mas não tem nada a ver porque o fundo é duro. Lá quanto mais fundo você vai mais areia você acha! Vou te dar um exemplo de como as coisas se tornam difíceis: na primeira sessão de treinos os melhores rodaram em 1min58s, na hora da corrida ninguém girou abaixo de 2:20. A pista muda muito e agora é nesse tipo de pista que eu tenho que trabalhar, coisa que não tive oportunidade de fazer, porquê chegamos em cima da hora e não estava bem fisicamente.

Estou bastante animado para o ano que vem, com mais tempo para treinar com a moto, que eu troquei, vou tentar me adaptar às pistas. Estou disposto a trabalhar muito. Estou com a viagem marcada para Novembro, vou fazer uma pré-temporada de quatro meses, que aqui no Brasil é quase um campeonato, mas eu estou disposto a encarar.

E você teve oportunidade de treinar com os outros pilotos da Ricci Racing (Alessio Chiodi, Andrew McFarlane e Davide Guarnieri)?

Olha, o Guarnieri é um piloto bem novo, aqui no Brasil ele ainda não é conhecido, mas inclusive já ganhou baterias do Mundial esse ano. Ele era vizinho meu, então praticamente todos os meus treinos eu fazia com ele. Ele é bem jovem mas já tem bastante experiência no Mundial. Foi campeão do Mundial Júnior em 2001. Apesar dele ser mais novo que eu (21 anos, eu tenho 23) aprendi bastante com ele. Também treinei algumas vezes com o Chiodi, o McFarlane ficava masi na Bélgica onde ele mora.


A irmã Mariana é a mulher mais rápida do Brasil
E deu para absorver um pouco da experiência do Chiodi?


Com certeza, ele é um cara bem legal. Um pouco fechado é verdade, mas depois a gente fez uma amizade bem legal. Ele é um cara que trabalhou muito para chegar aonde chegou, ninguém deu nada de graça para ele, assim como ele não entregar o ouro para ninguém, mas sempre que possível ele dava uma dica ou outra.

Eu acho que o segredo é esse: é aprender com os pilotos mais experientes e observar os detalhes, ver tudo que os caras fazem, o sistema de treinamento que é muito diferente de tudo que eu ví aqui no Brasil.

E como é que está seu italiano?

Por incrível que pareça foi uma coisa que eu nem tive muita dificuldade. O tempo que fiquei no Brasil sem poder treinar aproveitei para estudar. Em dois meses já estava me virando e agora no final já falava bem.

E o inglês?

É, nas etapas do Mundial o inglês é a lingua oficial e como eu já tinha passado um tempo nos Estados Unidos isso foi mais uma das coisas que aprendi nesse
ano. Aprendi duas linguas, fiz várias corridas nos Estados Unidos e na Europa e isso não há dinheiro no mundo pague.

E vai dar para correr alguma prova aqui no Brasil?

A gente está tentando alguma coisa com a Vaz. Como não corri aqui não estrutura nenhuma aqui no Brasil, mas quero muito correr. Lá em Belo Horizonte eu estou 100% confirmado, agora em Cianorte (PR - 7ª etapa do Brasileiro) ainda está um pouco difícil. Eu ainda estou sem moto e também a gente não quer chegar na corrida e tomar um susto (risos). É claro que eu não tenho obrigação nenhuma de chegar lá e ganhar, a gente sabe que o campeonato aqui é muito forte e tem pilotos excelentes, mas gostaria de ter uma boa apresentação Para isso tem que estar afiado com a moto. 
(NDR: durante a semana a Vaz distribuiu um release informando a parceria com a Yamaha para a participação de Balbi nas duas últimas etapas do Brasileiro de Motocross)


A estréia no Mundia - GP da França - foto: Massimo Zanzani


De certa forma você está abrindo o terreno para outros pilotos brasileiros, o exemplo disso é o (Rafael) Zenni que foi para Glen Helen e também marcou ponto lá. O que você acha disso?

Acho muito bacana isso. eu consegui quebrar essa barreira. Os caras viram que é difícil, mas não impossível. Eu fico muito feliz do pessoal ter essa mentalidade porque é a única maneira da gente crescer.

Obrigado, Balbi e em nome dos leitores do MotoX eu quero te dar os parabéns.

Obrigado, eu queria dizer mais duas coisas. A primeira é que os pilotos estão trabalhando, estão correndo, mas falta um pouco de apoio. Eu estava na Europa muito animado para correr o Motocross das Nações, principalmente por já estar lá e mais uma vez não tivemos equipe. A gente tem países como a Colômbia e Guatemala, sabemos que temos um nível técnico muito superior, mas eles estão lá participando e a gente não está. Não cabe a mim citar quem deve fazer o trabalho ou quem não deve. Mas essa é a crítica construtiva que eu tenho que fazer. Não quero que a gente deixe isso acontecer mais uma vez no próximo ano.

E mais uma vez eu tenho que agradecer meus patrocinadores Vaz, ASW e Orbital por me dar essa oportunidade. Sem a ajuda deles seria impossível. A Vaz investiu muito em mim nesse ano e lá fora as coisas custam caro, não é brincadeira não. O pessoal têm investido, não têm me cobrado nada e espero o mais rápido possível trazer os resultados desejados.






© 2000 - 2020 MotoX MX1 Internet