O momento da perda nos marca como uma ferida
Redação MotoX.com.br - Texto: Fabiano Mello* - Fotos: Divulgação

A perda de Swian Zanoni, um dos principais pilotos do país, foi um grande choque para todos os envolvidos com o esporte |
Iniciamos essa semana com a triste noticia do falecimento de Swian Zanoni. Sem dúvida um choque para todos! E como forma de lidar com o sofrimento tentamos muitas vezes buscar explicações e encontrar responsáveis para o acontecido e depois de inúmeras tentativas acabamos percebendo que não existem respostas definitivas ou principais responsáveis e nos restará apenas aprender a conviver com a falta. Mas não há dúvidas de que se aprende tanto pela via do amor quanto da dor e nesse momento triste que fique o aprendizado sobre a necessidade de uma maior fiscalização quanto à segurança de nossos pilotos e do público presente nas competições. Árvores próximas às pistas não são realidades apenas das competições brasileiras e quem já correu em campeonatos fora do país sabe que isso acontece com muita freqüência lá também. Mas quem sabe seja a hora de nós brasileiros sairmos na frente nesse quesito de segurança e nos unirmos de modo a "sensibilizar" os órgãos responsáveis para que também prestem um pouco mais de atenção nisso.
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Enfim, não há como passar ileso pela experiência da perda de alguém querido. Nessa hora tanto as pessoas mais próximas como os familiares e os amigos quanto aqueles que o admiravam mesmo sem o conhecer pessoalmente sentem suas dores de formas e intensidades diferentes. O luto é inevitável! E precisamos entender que a vivencia desse processo de luto é a forma necessária para podermos continuar nosso caminho.
Eu costumo utilizar a metáfora da ferida e da cicatriz para exemplificar o processo de luto. O momento da perda nos marca como uma ferida, que dói ao ser tocada e que pensamos até que será insuportável conviver com ela. E sem dúvida, enquanto ferida, a dor beira o insuportável. Mas para que isso não aconteça nosso organismo trata de colocar pra funcionar o processo de cicatrização. Esse processo muitas vezes é longo, cheio de etapas, mas que ao final deixa como resultado uma marca assim como a ferida que o antecedeu. A diferença é que essa marca chamada cicatriz já não provoca mais o mesmo sofrimento. Ela traz à tona a experiência vivida, ou seja, ao olharmos nossas cicatrizes somos capazes de lembrar exatamente como ele foi parar ali, mas agora ela já não dói mais.
Esse é o processo de luto, transformar o que hoje é ferida em cicatriz. Outra forma de dizer isso, seria pensar na transformação de tristeza em saudade. Hoje, pensar na partida do querido Swian nos traz sofrimento e tristeza. Mas um dia, o que ficará será a saudade - sentimento mais sereno que poderá até trazer um sorriso no rosto daquele que o conheceu ou de alguma forma o admirou. Afinal, a pessoa, o piloto, não está mais conosco, mas seus exemplos de humildade, determinação, garra... ficarão para sempre, impressos em nós como cicatriz.
*Fabiano Mello é psicólogo esportivo do Centro de Treinamento Leandro Silva.
E-mail:
fabiano@bottomello.com.br