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Valmir Polaco
Publicado em: 07/07/2009
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Piloto conta porque se afastou das competições na temporada 2009
MotoX.com.br - Texto: Maurício Arruda - Fotos: R. Sampaio M. Arruda Arquivo Pessoal


Valmir Polaco

Valmir Targino, o Polaco, tornou-se uma figura conhecida nas competições de motocross de São Paulo correndo com motos nacionais. O irreverente piloto e preparador sempre competiu na categoria nacional da modalidade com seus próprios projetos de preparação, e conquistou destaque nas provas regionais além do apoio de uma fábrica, situação rara entre os pilotos da classe.

Na temporada 2009 afastou-se das competições deixando de defender seus títulos na Copa São Paulo e no Amador de Motocross. Polaco fala nesta entrevista porque não está mais competindo, das polêmicas em torno de suas preparações e da saudade das pistas.  


Em 2008 como piloto oficial Yamaha
MotoX: Ano passado você contou com o apoio de fábrica para competir em provas regionais de motocross, uma situação bastante incomum, para não dizer inédita. Como surgiu este convite?


Tudo começou com uma simples ligação minha para o departamento de marketing da Yamaha com interesse em colocar uma moto no estande da marca no Salão das Duas Rodas (edição 2007), acabei falando com Thiago Lomeu do departamento racing (competição). Ele já vinha acompanhando meu trabalho há tempos, tanto nas pistas como piloto, quanto na mídia as motocicletas que eu desenvolvia, alguns projetos exóticos para modelos de moto nacionais. Isso provocou interesse do departamento em associar a Yamaha com a Polaco Motos em novos projetos, tudo isso resultou em diversos novos modelos produzidos neste período: Lander Motocross e Supermotard, XT 660 Supermotard e uma TTR 230 cheia de alterações, modelos que serviram de base para as motocicletas que usei nas corridas, entre outros. 

MotoX: A saída da Yamaha das competições em 2009 foi o que provocou seu afastamento das corridas nesta temporada?

Negativo! Foi apenas uma coincidência... junto com minha equipe eu já planejava férias de uma temporada, só não sabia quando isso aconteceria (risos)... De repente surgiu a notícia do afastamento da marca das competições, é como aquele ditado, aí "juntou a fome com a vontade de comer". Decidi que era o momento certo para as férias que eu planejava. Hoje estou me dedicando 100% a família e também um pouco mais aos amigos. Estou focado na minha vida pessoal. 


"Acho que não conseguiria viver sem competição"

MotoX: Você abandonou definitivamente as competições?

Jamais, acho que não conseguiria viver sem competição, mesmo estando longe das pistas com outras atividades fora da área, vira e mexe vem a minha cabeça uns flashs das corridas. A placa de 5 segundos, gate caindo, holeshot, curvas encostando o guidão no chão... Acho que tudo isso não tem preço, principalmente a semana da corrida! Só quem é piloto sabe o que eu estou falando.


"Decidi que era o momento certo para as férias que eu planejava. Estou focado na vida pessoal"
MotoX: Agora você não está competindo, então está dedicando-se exclusivamente à oficina da Polaco Preparações?


Com certeza, aproveitei o afastamento das pistas e decidi me focar na empresa melhorando a qualidade, prazo de entrega e reduçao de custos podendo assim oferecer uma condição melhor ao meu cliente. Um dos exemplos é a promoção das motos 230cc que já saem preparadas com ótimos preços, ou mesmo os kits de aumento de cilindrada que estão com custo mais acessível. 

MotoX: Muita gente critica seus projetos de preparação, onde é recorrente o aumento da cilindrada original das motos. O que você tem a dizer sobre isso? 

Isso é um grande problema que vem acontecendo porque muitos mecânicos estão fazendo seus próprios projetos caseiros ou até mesmo comprando produtos que não são homologados, sem testá-los em regimes severos em um banco de prova (dinamômetro) antes de colocá-los à venda. Eles acabam usando o cliente como cobaia e o resultado final é uma caixinha de surpresas! Na Polaco Motos estamos preparados com equipamentos e projetos mais do que aprovados. Um exemplo disso são os primeiros motores de Tornado 360cc que estão conosco desde o início. Usamos a mesma fórmula nos motores atuais, respeitando tudo que engloba um motor de ciclo otto, taxa de compresão estática e dinâmica, pressão média efetiva, eficiência volumétrica, velocidade média do pistão (VMP), enquadramento de comando, ângulo de válvulas, velocidade de fluxo e onda sonora, entre outros. 


Os famosos e polêmicos projetos fazem sucesso nos salões de motocicletas

MotoX: Como surgiu a Polaco Preparações? Você passou a competir no motocross depois?

O início foi em 1995 como uma oficina de consertos. Como qualquer grande empresa, a Polaco Preparações não surgiu diretamente no ramo de preparações de alta performance, mas em 2002 percebi que meu desejo não era o de consertar motocicletas de rua. Parti então para uma área mais técnica em preparações de motos para competição, foi quando me aperfeiçoei em inúmeros cursos de especialização e conhecimentos técnico com a oportunidade de participar de treinamentos dentro de grandes montadoras.


Irreverente correndo fantasiado de Chapolin...
Depois comecei a por em prática meus próprios projetos e vendê-los, um atrás do outro, mas nunca tinha a oportunidade de sentir os benefícios e até mesmo as limitações do mesmo. Percebi que um bom projeto é aquele que você tem a oportunidade de testar com agressividade, superando limites. Ainda em 2002 iniciei minha carreira de piloto de motocross, comecei na categoria nacional competindo nos campeonatos estaduais e regionais de São Paulo. Também nessa área procurei me especializar e aperfeiçoar tecnicamente minha pilotagem. Fiz diversas vezes o Curso MotoX Ric Raspa, com a equipe do MotoX (Maurício Arruda e Lucídio Arruda) e o piloto Ricardo Raspa. Isso me fez evoluir bastante, devo boa parte da minha pilotagem a vocês (risos). 

MotoX: Você sempre foi conhecido também pela irreverência nas corridas, onde muitas vezes competiu fantasiado. Isto era marketing, protesto, ou apenas diversão?

Na maioria das vezes era pura diversão... Mas vi que funcionava também como marketing. Por mais que meu trabalho nas pistas fosse profissional eu acreditava que poderia descontrair uma pouco mais o público que fica ali a corrida inteira esperando algo acontecer. Se não tem novidade tudo aquilo acaba virando uma monotonia. Quando aparece um "maluco" vestido de Superman provoca comentários! Além dos adultos isto acaba chamando a atenção das crianças, que ficam apontando quando passo pela pista acelerando. Eles são os primeiros a vir no box quando termina a corrida. Eu mesmo já passei por isso. Quando tinha uns 13 anos vi o Egnaldo Bernardo(Lampadinha) correr com uma peruca de palhaço aqui em Guarulhos (SP), aliás um grande abraço pra ele. E o filho da mãe ganhou a corrida, pra mim aquilo era o máximo! Não esqueço até hoje.


...E também de Superman

MotoX: E como foi a experiência de competir no Supermoto?

Nossa, foi o desafio mais difícil da minha carreira como piloto. Há quase 7 anos venho transformando motocicletas Motard, uma mais exótica que a outra e só pilotava em alguns ensaios fotográficos e testes para revistas. Como estava 100% focado no motocross nunca sobrava um tempinho sequer pra pensar na modalidade, mas sempre tive vontade de participar. De repente surgiu o convite da Yamaha para participar de 3 etapas do Campeonato Arena Super Motos (Temporada 2007), achei que seria moleza já que eu fazia fotos super agressivas nos testes, acreditei que seria fácil.


"Quando vi a realidade percebi que não sabia nada, não sabia pilotar no Supermoto"
Quando vi a realidade percebi que não sabia nada, não sabia pilotar no Supermoto. Muitos pilotos pensam que é a mesma coisa que pilotar no motocross, mas não tem nada haver com a modalidade... Nem a parte que é de terra! No motocross não se anda forte com um pneu "careca" como o utilizado no motard. Outro exemplo é que não estava acostumado na parte de asfalto com tanto grip, a moto de motocros com pneu Motard gruda no chão e aí você precisa reaprender tudo, começar do zero. 

MotoX: O que te dá mais prazer, uma boa corrida de moto ou um novo projeto de preparação?

Essa é uma pergunta muito difícil de responder. Acho que os dois me dão prazer na mesma proporção, cada um na sua hora. Para "construir" um bom projeto é preciso muito trabalho no dinamômetro e também na pista de prova.

Mesclar as duas coisas é o melhor de tudo. Atingir resultados nos projetos de motor, com melhora na potência e mantendo a durabilidade, depois chegar no final de semana na corrida com a possibilidade de emparelhar com mais de 30 motos, é muito emocionante. Mas acabo gostando mais do trabalho de preparação da motocicleta, é uma área da mecânica que exige que o bom profissional esteja munido de amor, dedicação, capricho e vontade de sempre se superar. Isto é decisivo no nosso trabalho.


"Gosto do trabalho de preparação. Exige amor, dedicaçao, capricho e vontade de sempre se superar"


"Tenho planos de retornar às competições"
MotoX: Pra finalizar, quais novidades vem por aí? Tem novas idéias para implantar ainda este ano?


Sempre estamos experimentando ou testando novidades, muitas vezes antecipando o que chega ao mercado. Foi assim com a injeção eletrônica, desde 2005 preparamos motocicletas com o sistema, remapeando, acertando ponto de igniçao, tempo - vazão de bico e até mesmo construindo TBI com diâmetros maiores. Outro exemplo foi uma Tornado costruida por nós com 420cc e sistema de injeção eletrônica completo da marca Nipon Denso, um projeto caro que elaboramos como um desafio e não para comercializar. Esta moto esteve em exposição no Salão das Duas Rodas 2007 no estande da Mônaco Aluminum.

Nunca estamos satisfeitos e idéias não faltam, estou aproveitando este ano para colocar vários projetos em prática, estamos executando o máximo possível, coisa que não era viável quando eu estava focado nas pistas. Mas estou com saudades das corridas e tenho planos para retornar às competições já no próximo ano.







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