A superação de Éderson Lópes, o Panda, que mantém sua paixão pelo esporte após um sério acidente MotoX.com.br
Texto: Maurício Arruda (com colaboração de Matheus Honori) - Fotos: Arquivo Pessoal
Panda, com o fundamental apoio da família, preparando-se para voltar a pilotar uma motocicleta |
Ex-piloto de freestyle, Panda sofreu um sério acidente em 2006 que deixou-o paraplégico |
A história do mineiro Éderson Lopes está desde sua infância ligada ao motociclismo fora de estrada. O piloto de Belo Horizonte, mais conhecido como Panda, começou a acelerar ainda criança no motocross na categoria 60cc. O ano era 1998 e ao longo do tempo os títulos vieram fortalecendo a paixão pelas pistas. Campeão da Copa Skol Minas, campeão da Copa Turinhos Motos, Vice-campeão Mineiro de Motocross, foram várias conquistas nas classes 80cc, 125cc e Força Livre.
Em 2004 o atleta passou por uma mudança em sua carreira focando uma nova modalidade, o Freestyle Motocross, que começou a praticar e dedicar a maior parte do seu tempo. O sucesso foi enorme com várias apresentações pelo Estado de Minas Gerais ganhando ainda mais destaque por ser na época um dos poucos pilotos da região a realizar manobras de alto nível. Os convites para novas apresentações levaram Panda a outras localidades do país e também a participação na principal equipe brasileira da modalidade.
Trilhas com um quadriciclo adaptado alimentaram a vontade do piloto de voltar a pilotar uma moto... |
...Sonho realizado há poucos dias |
Em 2006 o piloto viajou ao Pará onde faria uma apresentação. Durante os treinos um acidente mudou drásticamente a vida de Éderson. A queda provocou sérias lesões na coluna e deixou o atleta paraplégico. Superar este novo desafio passou a fazer parte do cotidiano de Panda, que continuou acompanhando o esporte junto com amigos frequentando as pistas com um quadriciclo adaptado. Fazer trilhas com o veículo acompanhando o sogro "Tonin Róia" e a equipe Os Pererecas de Barbacena (MG), foi outra atividade que alimentou o sonho de voltar a pilotar uma motocicleta. "As vezes eu ia à pista com meu amigo Léo para vê-lo treinar, mas na verdade eu queria mesmo era que ele desse uma volta comigo em sua moto", conta Panda.
A motocicleta conta com comandos adaptados |
Um banco especial e suportes para as pernas foram desenvolvidos no projeto que teve a frente Helon Lopes, pai do piloto |
Recentemente, pesquisando na internet, Éderson encontrou informações de um piloto norteamericano, também paraplégico, que pratica motocross em uma moto adaptada. Sem pensar duas vezes ele, o sogro "Róia" e seu pai Helon resolveram tentar o mesmo. Com recursos que tinham em casa mesmo, e com Helon no comando em apenas duas semanas o projeto pioneiro no Brasil estava pronto. A adaptação americana conta com sistema de marcha elétrico e embreagem de acionamento automático. A feita pela família de Panda conta com um sistema de alavancas no guidão para trocar as marchas, uma manete a mais para o freio traseiro, um banquinho fabricado em fibra de vidro com cinto de segurança que se acopla em cima do banco original, e o sistema de barras de proteção para as pernas. Tudo desmontável porque a moto é dividida entre Panda e seu "velho" Helon, que fica com ela guardada em Belo Horizonte. Panda mora em Barbacena com sua noiva Lívia, e no primeiro sábado de fevereiro ele viajou para a capital do estado onde fez seu primeiro teste com a motocicleta adaptada.
Panda no dia em que voltou a pilotar |
"A emoção de voltar a acelerar uma moto foi muito grande", afirmou Panda |
O público presente no local acompanhou tudo e se emocionou muito ao ver Panda novamente em cima de uma moto, já que conhecem sua história e sabem que esse cara não para por aí não! "A emoção de voltar a acelerar uma moto foi muito grande, apesar da dificuldade de me adaptar a todos esses comandos nas mãos e aprender a pilotar sem o auxilio das pernas cheguei até a arriscar um saltinho. A meta agora é conseguir o sistema americano de adaptação e aperfeiçoar a pilotagem", afirma.
Esse é um dos grandes exemplos que vemos no meio esportivo, de um piloto de determinação incrível! "Eu fiquei imaginando a dificuldade de pilotar sem poder apoiar os pés, o equilíbrio tem de ser muito grande. Mas ele deu conta, e está muito animado a continuar treinando", afirma Matheus Honori, amigo do piloto e nosso colaborador nesta matéria.
Os amigos e a família acompanharam e se emocionaram com o piloto |
Panda lembrou daqueles que lhe apoiaram e foram fundamentais para este momento: "Gostaria de aproveitar esse espaço para agradecer primeiramente a Deus, a minha família, minha noiva e seus pais, todas as empresas e amigos que se sensibilizaram em me ajudar no momento em que mais precisei: Benattubos, Morato Racing, Moto Street Racing, JCar Veículos, Terra Motos, Turinhos Motos e tantos outros."
Os comandos, incluíndo o câmbio, receberam adaptações que permitem o acionamento pelas mãos |
Quem quiser mandar sua mensagem ou falar com Éderson Panda pode entrar em contato pelo e-mail
pandafmx@hotmail.com ou pelo telefone (32) 8833-7770.
Suporte preso ao quadro da moto sustenta o sistema de barras de proteção para as pernas |