Guia MotoX de Preparação Física
Por Roberto César de Oliveira (Prof. de Educação Física e Fisiologista)
Foto: Arquivo MotoX

Resistência Aeróbia é fundamental para que o piloto mantenha o mesmo ritmo por toda competição

Resistência Aeróbia: o que fazer?
             
Ao terminar meu projeto de pesquisa junto à Universidade Federal de São Paulo, onde avaliei pilotos da categoria 250 Pro, percebi uma grande disparidade em formas de treinamento cardiovascular, que consequentemente atingiam de forma negativa, o condicionamento físico dos atletas na corrida. Ao avaliar o que estes pilotos faziam para melhorar a sua performance física, notou-se uma grande falta de informação com relação ao seu treinamento e métodos, bem como a freqüência semanal, duração do trabalho, tipos de modalidade praticada e principalmente a  progressão no treinamento. Isto não acontece só no motocross, mas é importante traçar metas de trabalho bem orientado, afim de realmente melhorar o condicionamento físico.

Se você não está agüentando correr uma prova inteira por cansaço intenso, que o limita à não "andar" no mesmo ritmo da largada, significa que a sua resistência aeróbia está fraca para a modalidade. É claro que existem outras qualidades físicas envolvidas entre elas a resistência muscular, a flexibilidade, a velocidade de reação, o equilíbrio, a coordenação motora fina, a agilidade; mas indiscutivelmente a resistência aeróbia é fundamental neste esporte. O primeiro passo seria realizar um teste cardiorespiratório (ergoespirométrico), afim de verificar a capacidade funcional do seu sistema cardiovascular com o seu cardiologista, e identificar o nível de aptidão física que você se encontra, bem como o seu consumo máximo de oxigênio, gasto calórico na atividade e a intensidade adequada à um treinamento aeróbio. Em posse destes resultados, procure um professor de Educação Física que interprete os dados desta avaliação e programe um treinamento específico.  
               
Para o treinamento de qualquer atividade física há necessidade de levar em conta cinco características importantes para a prescrição do trabalho: freqüência semanal, duração das sessôes, intensidade, atividades mais indicadas e progressão no treinamento. Com relação à resistência aeróbia, sabemos que a maioria dos pilotos não tem patrocínio e consequentemente não vive do motocross, por isso uma frequência semanal de no mínimo 3 vezes por semana seria interessante, associada ou não à atividades musculares. A duração de trabalho dependerá do nível alcançado no teste cardiorespiratório e deverá ser de no mínimo 30 minutos por sessão. A intensidade também dependerá do nível de aptidão cardiorespiratória atingida no teste, porém recomendo trabalhar em níveis entre 80 e 90% da freqüência cardíaca máxima alcançada. No caso de não conseguir manter nesta intensidade, procure começar gradativamente e aumentar de acordo com as recomendações de seu professor.

Com relação as atividades mais indicadas, particularmente gosto do trabalho de corrida a pé (em esteira, asfalto, pista de motocross), montain bike (asfalto, gramado, pista de motocross, trilhas) ou também no aparelho elíptico de academias. Cabe salientar que só o trabalho físico que é realizado em um treino com moto, não é suficiente para melhorar a resistência aeróbia, sendo que, a maioria dos pilotos treina nos fins de semana, e deveriam priorizar o treino técnico e tático. Para haver crescimento há necessidade de progressão nas cargas de trabalho, por exemplo: correr 10 vezes em volta de um quarteirão durante um tempo determinado, acarretará em adaptações cardiovasculares, que após um período terá que ser modificado ou no volume (quantidade de voltas) ou na intensidade (tempo). Progredir ou melhorar o condicionamento físico significa modificar periodicamente o volume ou a intensidade do trabalho. O treinamento deve ser específico à modalidade, respeitando-se a resposta metabólica que é exigido. O estresse cardíaco é alto no motocross e a qualidade física resistência aeróbia deve ser priorizada no programa de treinamento físico.

Bom treino!

Roberto Cesar de Oliveira
Prof. de Educação Física e Fisiologista do Exercício
Mestrando pela Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina
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