Brasileiro disputou recentemente duas das principais competições do Freestyle Motocross no mundo
Redação MotoX.com.br - Entrevista por Daniela Burgonovo - Fotos: Predrag Vuckovic/Red Bull e Divulgação
Fred Kyrillos (último à direita) posando na Plaza de Toros de Las Ventas, em Madri, Espanha, antes de disputar o Red Bull X-Fighters 2017
O paulista Fred Kyrillos alcançou recentemente um novo patamar em sua carreira no Freestyle Motocross. Nas últimas semanas, o atleta de 31 anos disputou duas das principais competições da modalidade no mundo: Nitro World Games e Red Bull X-Fighters. Bicampeão nacional e com experiência em diversas provas internacionais, Kyrillos deu um passo e tanto na atual temporada, mas neste bate-papo com a jornalista Daniela Burgonovo, sua assessora de imprensa, explica que está colhendo o resultado de mais de uma década e meia de dedicação ao esporte. Confira abaixo!
Fred, pela primeira vez na história tivemos um brasileiro em destaque no motocross estilo livre internacional. Conte-nos como tudo aconteceu.
Acho importante destacar que nada foi de uma hora para a outra. Entrei de cabeça para o esporte em 2001, são 16 anos de dedicação, sacrifícios e várias lesões. Uma coisa boa foi que conheci pessoas bacanas e fiz muitos amigos. Através deles, comecei a treinar alguns meses por ano nos Estados Unidos. O nível lá é alto, o que gera uma disputa saudável, algo que nos faz querer evoluir cada vez mais. E foi assim que cresci muito nos últimos anos, comecei a conquistar espaço entre os melhores pilotos do mundo e com isso os convites começaram a surgir nesta temporada.
O brasileiro treinando na casa de Travis Pastrana antes de disputar o Nitro World Games
O primeiro foi o Nitro World Games, em junho, com direito a frontflip...
Isso mesmo, recebi o convite do Travis Pastrana, ícone mundial no motocross estilo livre, organizador do evento e também uma referência para mim. Eu estava treinando nos Estados Unidos, fui pego de surpresa. Participei da seletiva em maio, garanti vice-colocação e por isso consegui avançar. Então, o Pastrana me convidou para treinar na casa dele, um verdadeiro parque de diversões para atletas de esportes radicais. Naquele momento me dediquei a encaixar o frontflip, no airbag, algo que não tenho no Brasil. Foi um período intenso, me cobrei muito, lesionando o pulso esquerdo, mas só depois que descobri que havia mesmo era quebrado, porém, como a oportunidade para mim era única, não quis pensar muito nisso. E então chegou o evento, não consegui participar dos treinos, mas encarei a prova e devido a lesão, minha volta não saiu como eu queria, mas consegui executar o frontflip (o primeiro brasileiro a fazê-lo em uma competição).
Em ação no palco do Red Bull X-Fighters
E logo em seguida veio a oportunidade do X-Fighters, na Espanha, em julho.
Eu ainda estava processando tudo o que tinha acontecido e, de repente, apareceu mais essa. É difícil descrever minha felicidade. E o mais legal foi que ganhei a votação popular, entre dezenas de atletas de todo o mundo, participei do evento pela vontade dos fãs. Mantive a fratura em segredo, como eu disse, não queria pensar nisso, só queria viver aquela experiência da melhor maneira possível e poder devolver o carinho para todos aqueles que votaram em mim, foi um voto de confiança que recebi. Garanto a vocês que fiz o melhor naquela situação, passei pela classificação, machuquei os dois pés numa aterrissagem errada e isso, junto com o punho, interferiu diretamente na minha performance e custou a continuação na competição. Se estivesse 100% o resultado teria sido diferente, o nível dessa competição é o maior do mundo, o mínimo detalhe faz muito diferença. Sei que isso faz parte do meu esporte, sempre quero dar o meu melhor, mas neste caso havia chegado no limite do meu corpo. Volto pra casa com um aprendizado e uma vivência única da qual quero usá-los para continuar a evoluir cada vez mais.
Mais um registro do brasileiro (o segundo da esq. p/ dir.) com os rivais na Espanha
Você é o responsável por colocar o Brasil entre os maiores nomes do motocross estilo livre mundial, como você se sente?
Eu sou apenas um cara fazendo o que amo. Eu vivo esse esporte, do momento que acordo ao que vou dormir, eu vivo ele até nos meus sonhos. Estou colhendo os frutos de muito trabalho, me sinto realizado. Outros grandes pilotos também contribuíram para o crescimento do esporte no Brasil, muitos deles dos quais sou amigo, estão comigo no dia a dia e ajudaram a abrir esse caminho, como o Simões, Joaninha, os irmãos Bergamini, Diego Dias, entre outros. Nada disso seria possível sem o apoio da minha família, namorada e especialmente meus patrocinadores (Ipiranga, Monster Energy Drink, Pro Tork e Yamaha), fundamentais para que eu possa realizar minhas funções como atleta. Fico longe de casa, bate a saudade, mas sempre posso contar com todos. Isso sem falar nos fãs, que me acompanham nas redes sociais, torcem por mim e me impulsionam, eles são uma dose extra de motivação!
De volta ao Brasil, quais são seus planos?
Inicialmente estou focado na recuperação, pois temos uma agenda cheia para o segundo semestre. Tenho um evento agendado para o dia 22 deste mês, o Arena FMX, em Blumenau (SC). Quero estar 100% para poder compartilhar todo esse aprendizado, tanto com os meus amigos como com o público, que tenho certeza que irá lotar as arquibancadas do Arena.
Vídeo:
Ipiranga, Monster Energy Drink, Pro Tork e Yamaha patrocinam o piloto na temporada 2017