X Fechar
foto

X Fechar
foto
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais
Clique e saiba mais


>Colunas > Dr. Off Road

Síndrome Compartimental Crônica do Antebraço
Publicado em: 15/06
Clique e saiba mais

Coluna Dr. Off Road - 2
Por: Dr. Alexandre Augusto Ferreira - Fotos: Arquivo MotoX


Você já ouviu falar da síndrome compartimental crônica do antebraço?!! Pois bem este é um problema bastante conhecido no motociclismo esportivo off road, principalmente no motocross, é o famoso braço travado ou braço dolorido.


Rafael Zenni e...

Rafael Zenni e...

Recentemente alguns pilotos da elite do nosso motocross foram acometidos deste mal e necessitaram de cirurgia para melhorar o problema, um deles o piloto de Itu, SP, Rafael Zenni foi tratado por mim.

Este quadro não é exclusivo do motociclismo. Atletas de outros esportes como o tênis e o fisiculturismo também apresentam os mesmos sintomas e corredores de maratonas apresentam este mal nos membros inferiores. Tudo isso ocorre devido o aumento da pressão dentro de um compartimento onde os músculos dos antebraços e das pernas estão.

As paredes deste compartimento são formadas por uma fascia, membrana fina e elástica, porem bastante resistente que envolve os músculos.Durante uma atividade física contínua nossos músculos podem se contrair e relaxar milhares de vezes, este trabalho faz com que os músculos aumentem seus diâmetros alguns milímetros. Somado a outros fatores fisiológicos como a produção de acido lático isto faz aumentar a pressão interna dentro do compartimento, ocasionando todo o processo de dor e incapacidade funcional que caracteriza a síndrome compartimental; porém outros fatores também podem ajudar a provocar este problema como os processos inflamatórios pré-existentes, over training e a má postura durante a pilotagem.

Clinicamente o que ocorre é que após algum tempo de atividade física os músculos começam a ficar rígidos ou travados, os movimentos ficam lentos e difíceis de serem realizados, algumas vezes formigamentos e tremores podem aparecer e a dor é claro bastante limitante. Isto dificulta e muito que o piloto segure a moto ainda mais em um terreno acidentado como a pista de motocross fazendo que depois de um determinado tempo seu rendimento caia muito e em algumas vezes ele nem consiga terminar a prova.


...Roosevelt Assunção são dois exemplos de estrelas do motocross nacional que já enfrentaram o problema

...Roosevelt Assunção são dois exemplos de estrelas do motocross nacional que já enfrentaram o problema

Porém algumas vezes podemos ter quadros clínicos muito semelhantes a estes e não ser uma síndrome compartimental crônica. Inflamações de tendões, síndromes compressivas de nervos nos antebraços e outras patologias algumas vezes podem em principio se apresentarem com um quadro muito semelhante ao da síndrome compartimental.

Quando um piloto me procura no consultório reclamando de dores nos antebraços e que tem dificuldade para pilotar eu procuro examinar todos os aspectos possíveis que podem estar levando a este quadro, procuro me informar desde a forma que pilota até a maneira que treina, digo isso porque a ergometria do piloto na moto é muito importante. Muitas vezes pilotos reclamam de dores na coluna e braços e isso se deve muito mais pela maneira que se posiciona na moto do que por problemas ortopédicos.

Os treinos também são abordados para saber se não está havendo uma sobre carga, o que pode ocasionar tendinopatias ou lesões musculares crônicas que durante a corrida podem se manifestar como dores. Traumas antigos são investigados, doenças metabólicas e por fim exames como ressonância magnética e eletroneuromiografia também são solicitados, mas o único exame realmente confiável para o diagnóstico da síndrome compartimental seria a medição da pressão intracompartimental durante a atividade física, se ela estiver acima do limite normal então o diagnóstico é certo.

Como esta medição é muito difícil de se realizar fora de ambiente hospitalar e o equipamento que existe para esta finalidade é muito caro o médico tem que ter muita experiência e bom senso antes fechar o diagnóstico de síndrome compartimental crônica e de indicar o tratamento cirúrgico para resolver o problema. Isso mesmo, caso o diagnostico seja determinado como síndrome compatimental crônica o único tratamento com resultado satisfatório é o cirúrgico. A cirurgia é muito simples e existem algumas técnicas ou maneiras de se fazer a liberação da fascia ou membrana que envolve os músculos do antebraço. Na maioria das vezes o problema aparece na musculatura flexora do antebraço, mas pode também aparecer na musculatura extensora. Sendo assim alguns de meus colegas (médicos) liberam a fascia tanto na face superior do antebraço como na face posterior. Pode-se também aprofundar a liberação e separar músculo por músculo do compartimento flexor principalmente ou simplesmente liberar a fascia antebraquial na face flexora e na face extensora do antebraço. Em relação ao corte ele pode ser transverso ou longitudinal. Pode ser um só longitudinal no meio do antebraço, ou então dois ou três transversos, variando de acordo com a preferência do cirurgião.

Na minha experiência eu utilizo três pequenos cortes transversos de aproximadamente 3 cm , e libero a fascia antebraquial que é a mais superficial. Não tive necessidade ainda de realizar liberações mais profundas sendo que os resultados obtidos até agora foram bastante satisfatórios, porém quero ressaltar que existem muitos poucos trabalhos médicos abordando este assunto seja aqui ou na literatura internacional. Nós sabemos que a liberação da fascia resolve o problema da síndrome compartimental, mas não sabemos ainda o que em longo prazo esta liberação pode trazer de transtorno aos atletas tratados. Modificações anatômicas sem dúvida aparecem, seus músculos na região ficam mais soltos e em determinados casos precisam se adaptar a uma pequena perda de apreensão.


A síndrome compartimental é um problema que deve ser tratado por um profissional experiente, que possa indicar a melhor opção de tratamento para se evitar transtornos futuros.

Abraços e até mais.

Dr. Alexandre Augusto Ferreira
e-mail: dr.alexandreaugusto@terra.com.br

O Dr. Alexandre Augusto Ferreira, da Equipe Médica ASTRA, desde 1996 acompanha e presta atendimento aos pilotos nos Campeonatos Brasileiro e Paulista de Motocross.







© 2000 - 2020 MotoX MX1 Internet