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Lesões Ligamentares em Motociclismo Off Road
Publicado em: 13/04
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Coluna Dr. Off Road - 5
Por: Dr. Alexandre Augusto Ferreira - Foto: Arquivo MotoX


Atendimento especializado evita que lesões mais sérias possam ocorrer

As lesões ligamentares em pilotos de Motociclismo off road (motocross, enduro, cross country e rally) ocorrem com muita freqüência devido às características dos traumas que estes atletas estão sujeitos a sofrer, que são inerentes aos riscos de se pilotar em terrenos irregulares onde às vezes até andar à pé fica difícil. 

A grande maioria destes traumas acomete os membros superiores, principalmente a região do ombro onde nos possuímos 3 articulações denominadas diartroses: Glenoumeral, Acromioclavicular e a Esternoclavicular. Estas 3 articulações se movem síncrona e simultaneamente, não separada e independentemente porém um trauma em uma destas articulações pode diminuir a eficiência das outras.

A articulação do ombro que mais sofre trauma no motociclismo é a Acromioclavicular seguida da Glenoumeral e por fim a Esternoclavicular. A articulação acrômioclavicular é formada pela extremidade externa da clavícula com o acrômio formando o teto do ombro sendo que é estabilizado por 2 tipos de ligamentos: os acromioclaviculares e os coracoclavicular. A lesão desta articulação geralmente ocorre quando o piloto sofre uma queda com trauma direto na extremidade do ombro ou então quando cai apoiando-se com o braço um pouco aberto, o resultado pode ser uma leve distensão dos ligamentos com discreto aumento de volume e mínima dor, ou desvios grosseiros da extremidade da clavícula, conseqüência da ruptura maciça dos ligamentos da articulação, com limitação importante dos movimentos devido às dores, muitas vezes neste tipo de lesão pode se ter à impressão que o ombro saiu do lugar.

O tipo da lesão determina o tratamento e as fisioterapias costumam resolver o problema, geralmente o piloto consegue retornar em 2 semanas, mas pode ainda sentir dores nos impactos. Sendo assim indica-se continuar com o tratamento fisioterápico até remissão total das dores. Nos casos onde existe uma instabilidade grande da clavícula, com a ruptura dos ligamentos acromiclaviculares e coracoclaviculares, a indicação é o tratamento cirúrgico para restabelecer a anatomia da articulação. Neste caso o piloto deverá permanecer mais tempo afastado sendo que sua recuperação pode demorar até 2 meses. 

A articulação glenoumeral é formada pela cabeça do úmero (extremidade superior do osso do braço) com a glenóide, superfície articular que faz parte da escápula e onde a cabeça do úmero realiza seus movimentos. Esta articulação é revestida por uma cápsula e ligamentos que mantém a articulação estável. Estes ligamentos e cápsulas se inserem em uma estrutura denominada labrum que se localiza na reborda da glenóide. No caso de uma queda do piloto com trauma direto no ombro os ligamentos e a cápsula podem se romper lesando o labrum que serve como um selo desta articulação.

Quando isso ocorre à cabeça do úmero pode sair através da lesão na cápsula ocorrendo então a luxação, que é uma lesão extremamente limitante e que acarreta dor intensa. Logo se observa uma deformidade em ombro que lembra muito uma dragona militar, a cabeça pode estar luxada anterior ou posteriormente, observa-se à proeminência do acrômio, teto do ombro, e abaixo um vazio, o piloto não consegue movimentar o braço e existe uma sensação de muito desconforto que só passa quando realizada a redução da luxação. Este procedimento deve ser feito somente por médicos que tenham experiência uma vez que lesões mais sérias podem ocorrer quando realizado por pessoas não habilitadas.

O tratamento para as luxações de ombro baseia-se inicialmente em realizar a redução da articulação o mais rápido possível e então posteriormente avaliar se a lesão inicial pode trazer uma instabilidade. Se houver uma lesão labral devido à luxação o tratamento cirúrgico é logo indicado principalmente em atletas. Atualmente não se espera ter uma segunda ou terceira luxação para então indicar a cirurgia. Através de exames específicos como a ressonância nuclear magnética ou até a artroscopia de ombro podemos diagnosticar e tratar os problemas decorrentes deste trauma precocemente.

Porém é freqüente observarmos pilotos com sérios problemas de instabilidade do ombro que em simples movimentos saem do lugar, o problema de se manter assim e não realizar o tratamento cirúrgico é que com o passar do tempo e com as luxações recorrentes outras lesões vão surgindo principalmente na cartilagem da superfície articular levando a uma artrose precoce desta articulação. Isso pode comprometer no futuro uma cirurgia para a reparação da instabilidade, além disso devido o jogo da articulação também podem aparecer lesões nos tendões dos músculos do ombro o que ocasiona um quadro de dores intermitentes e também limitação funcional. 

No caso de tratamento cirúrgico o piloto deverá permanecer afastado das pistas por 60 a 90 dias dependendo do tratamento de reabilitação que venha fazer. As lesões da articulação esternoclavicular são raras sendo que nos 10 anos que acompanho o motociclismo esportivo (Motocross e Motovelocidade) não realizei nenhum atendimento em pista, porém em consultório já atendi 5 casos onde os atletas só observaram o problema algum tempo depois. Somente em um destes casos foi necessário à indicação de tratamento cirúrgico para estabilizar a instabilidade. Nos outros casos o tratamento conservador foi suficiente para resolver o problema. No próximo artigo vou abordar lesões ligamentares em cotovelo, punho e mão.


Abraços,

Dr. Alexandre Augusto Ferreira
e-mail: dr.alexandreaugusto@terra.com.br

O Dr. Alexandre Augusto Ferreira, da Equipe Médica ASTRA, desde 1996 acompanha e presta atendimento aos pilotos nos Campeonatos Brasileiro e Paulista de Motocross.








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