Coluna Supermoto Por Rafa Paschoalin - Fotos: Luiz C. Garcia
Supermoto: modalidade ainda busca o melhor formato para crescer no Brasil |
Nesta edição da coluna convido os leitores a uma reflexão sobre os campeonatos de supermoto disputados no Brasil, formas de tornar o esporte mais acessível e as expectativas para o futuro da modalidade, já que iniciamos o segundo semestre e poucas provas foram realizadas até o momento nesta temporada.
Gueto Racing
Era uma vez um empresário apaixonado por motos que resolveu apostar algumas fichas no "motoboy" da sua empresa, nascia assim à equipe de competições Gueto Racing. O time foi crescendo, Paulo "Boca", o "motoboy" conseguiu bons resultados a bordo da sua Husqvarna WR 125 e logo se tornou um ícone do motociclismo off-road no Estado de São Paulo.
Certo, mas o que isso tem a ver com supermoto?
Tudo! Agora faço parte dessa equipe magnífica e carrego comigo a bandeira do Gueto Racing na categoria SM2 dos Campeonatos Paulista, Brasileiro e Super Arena Motos de Supermoto, a bordo de uma Yamaha YZF 250. O Gueto não para por ai, já somos ONG e em breve começaremos um trabalho ímpar pelo esporte nacional em duas rodas.
Aguardem...
Super Arena Motos e Brasileiro de Supermoto
Rafael Fonseca |
Um começo tímido! Assim podemos classificar a abertura dos Campeonatos Paulista, Brasileiro e Super Arena Motos. No dia 22 de junho ocorreu em Piracicaba à primeira etapa do Super Arena Motos, válido também como Campeonato Brasileiro de Supermoto.
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Pódio da SM3 na 1ª etapa do Super Arena Motos |
As categorias SM1 e SM2 largaram juntas, e mesmo assim, totalizaram apenas 13 motos. Rafa Fonseca venceu a SM1 depois de duelar as 20 voltas com Rômulo Bottrel, o Oncinha. Meu amigo Oncinha sacou algumas cartas da manga e surpreendeu a todos conquistando a pole nos treinos e o segundo lugar na corrida.
Na categoria SM2 eu venci, mas confesso que disputando com apenas 4 motos, ainda não senti aquele verdadeiro gostinho de vitória. A categoria SM3, que deveria ser uma das mais acessíveis por utilizar motos nacionais, contou com 7 motos. Isso se deve ao regulamento técnico, que não inibe preparações severas no motor, espantando assim os competidores iniciantes que obviamente não querem gastar mais de R$ 8.000,00 de preparação em uma simples Honda XR 250 Tornado. Nesta prova, Sinval Peres, atual campeão e imbatível desde 2007 não teve dificuldades e andou sozinho durante todo o evento.
Com maior número de motos, a categoria X, que utiliza os modelos Yamaha XTZ 250 X originais, teve em sua prova 10 motocicletas e a vitória de Álvaro Candido Neto, filho do lendário Paraguaio. Pai e filhos estiveram presentes na pista, Alisson, o outro filho conquistou a quarta colocação na SM1 e o próprio Paraguaio fez bonito com a sua CRF 230 ao obter a terceira colocação na categoria SM3. Um belo exemplo de "domingo feliz" em família.
Campeonato Paulista de Supermoto Nos dias 7 e 8 de junho ocorreu no Kartódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), a primeira etapa do Campeonato Paulista de Supermoto e Motovelocidade Baixa Cilindrada.
Júlio Bethke é o vice-líder do Paulista de Supermoto na classe SM1 |
No sábado, durante os treinos tivemos a presença da família Barros, Alexandre e César se divertiram a bordo de modelos Honda CRF 450 devidamente adaptadas ao Supermoto. Alex logo mostrou que mesmo afastado das pistas, não entra pra brincar. Cravou um temporal, quase 5 segundos mais rápido que o tempo de volta de Carlo Mônaco, vencedor da categoria SM1 na prova do domingo. Carlinho, do time IMOCX Husqvarna disputou com Júlio Bethke, piloto da equipe Zíper ZR.
Mônaco, mesmo com pouca experiência no supermoto já vem se destacando e promete dar trabalho aos pilotos mais experientes em um futuro próximo. A categoria SM2 foi vencida por Paulo "Boca", seguido por Marcelo Ramos, ambos do time Gueto Racing. Já a prova da SM3, categoria supermoto com maior número de participantes, Sinval Peres venceu facilmente, mostrando extrema superioridade de equipamento e pilotagem.
O Campeonato Paulista de Supermoto é realizado e organizado pelo grande amigo Hilário Casalinho, um apaixonado pelo motociclismo nacional que arregaçou as mangas e se empenhou de verdade para fazer tudo isso acontecer. Espero que o certame cresça e não vou perder por nada a próxima etapa que deve ocorrer nos dias 23 e 24 de agosto.
Para mais informações acesse:
www.fpm.esp.br Copa Street Crosser
Copa Street Crosser começa em agosto em Bauru, SP |
Amante do supermoto e idealizador da categoria no Brasil, Jean Pierre Colinvaux é um verdadeiro guerreiro na implantação da modalidade por aqui. Desde 2002 organizando cursos, provas e vendendo peças, nosso amigo parte para mais um ano de dedicação e desafio. Nos dias 9 e 10 de agosto acontecerá no Kartódromo Toca da Coruja, em Bauru, SP, a primeira etapa da Copa Street Crosser, com categorias de Supermoto e Velocidade.
O campeonato busca atrair novos pilotos com investimento reduzido, prova disso é o regulamento restrito em relação ao uso dos pneus e preparação dos motores. Os pilotos de off-road que ainda não possuem rodas de 17" terão categorias onde é necessário apenas a troca dos pneus.
Para mais informações acesse:
www.supermotard.com.br ou a
seção de notícias do MotoX.
Reflexão: campeonatos nacionais
Qual a explicação para um campeonato fraco em prestígio e quantidade de pilotos? Em minha opinião as mudanças de calendário e o regulamento técnico são os maiores vilões da situação. No caso do Super Arena Motos, o campeonato iria começar em março, depois foi pra abril, maio e finalmente começou em junho.
Com tantas alterações, pilotos, equipes e patrocinadores desacreditam no certame e não investem de forma correta e profissional. Segundo o calendário, a segunda etapa dos Campeonatos Super Arena Motos e Brasileiro seria dia 27 de julho, em Brasília, DF. No meio do caminho as coisas mudaram e esta etapa foi válida apenas para o campeonato Brasiliense e Brasileiro de Supermoto, o Arena ficou de fora.
O regulamento técnico também é desfavorável aos pilotos, por exemplo: consta no regulamento da CBM a categoria SM3 Incentivo, ou seja, motos de 230cc sem alterações de cilindrada, uma ótima idéia para atrair pilotos com baixo custo.
Um amigo meu, dono de uma Honda CRF 230, resolveu montar as rodas e investiu cerca de R$ 1.500,00 para ir a Piracicaba no dia 22 e competir na categoria citada. Obviamente ninguém sequer sabia da categoria e ele teve de competir contra motos ultra-preparadas na categoria SM3.
Semana passada ele me ligou dizendo que iria para Brasília, pois lá haverá a categoria, na próxima coluna conto o que aconteceu e qual foi o desfecho dessa história. Enfim, ao invés de baixar os custos, fazer regulamentos restritos e utilizar pneus duros para durarem mais, no Brasil as coisas começam no mais alto nível e depois vão caindo, até chegar na situação atual, com poucos pilotos, mídia e reconhecimento.
O futuro está nas copas monomarcas, a exemplo do que o IMOCX faz com a Husqvarna e a Yamaha faz no Super Arena Motos, no futuro teremos inúmeros campeonatos com diversas marcas e modelos de motocicletas Supermoto.
Curso SM Riding
No próximo dia 03 de agosto será ministrado no Kartódromo Toca da Coruja em Bauru, SP, um curso de pilotagem da SM Riding, escola especializada em técnicas de pilotagem de Supermoto. Para mais informações
acesse o site.
Rafa Paschoalin é piloto de supermoto da Gueto Racing e Instrutor da Paschoalin SM Riding. E-mail: contato@rafapaschoalin.com