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As crianças e o motocross - Parte 3
Publicado em: 27/10/2010
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Guia MotoX de Preparação Física
Redação MotoX.com.br - Por Roberto César de Oliveira - Texto: Dra. Ana Lúcia de Sá Pinto 
Fotos: Maurício Arruda


Exame de pré-participação é a consulta inicial em medicina esportiva

Considerando que para qualquer esporte a equipe de profissionais envolvido na preparação física, técnica e psicológica deve ser multiprofissional, convidei a Dra. Ana Lúcia de Sá Pinto, médica pediatra e do esporte, para abordar sobre a importância das avaliações realizadas com crianças antes da prática esportiva. Veja abaixo:

As crianças e o motocross - Parte 3 - Pré-Participação


O número de crianças e adolescentes participando de competições está aumentando consideravelmente
Todas as pessoas, em qualquer faixa etária, antes de iniciar uma atividade física regular ou um esporte, devem passar pelo exame de pré-participação. Este exame é a consulta inicial em medicina esportiva. Há 30 anos, a anamnese esportiva consistia em duas perguntas: se o paciente tinha alguma queixa cardiovascular ou antecedentes familiares de doença cardiovascular. Por sua vez, o exame físico era resumido em ausculta cardíaca e rastreamento para hérnias.

Atualmente, o exame de pré-participação inclui uma extensa anamnese e exame físico geral detalhado, assim como a avaliação postural. O objetivo deste exame minucioso é, não só afastar a presença de doença cardiovascular - uma vez que o risco de morte súbita na população pediátrica é pequeno -, mas, detectar qualquer alteração no exame físico que possa contra-indicar uma determinada atividade física.

O número de crianças e adolescentes que começam a praticar esportes competitivos está aumentando consideravelmente. A carga semanal de treinamento, dependendo da modalidade esportiva, varia de 15 a 30 horas por semana, alem das competições no final de semana. Durante a pratica esportiva há um gasto calórico muito grande, e caso a ingestão calórica não seja suficiente para suprir os exercícios e o crescimento, pode ocorrer um deficit no crescimento, e consequentemente um comprometimento da estatura final dessas crianças e adolescentes. Por isso, é importante verificar se a estatura, o peso e o IMC (Índice de Massa Corpórea) estão adequados de acordo com a faixa etária.


Atividade deve ser prazerosa...
Durante a avaliação clínica, é importante ficar atento para a presença de gânglios e esplenomegalia (aumento do baço), que pode ser indicativo de doenças infecciosas, devendo o atleta ficar afastado das atividades não só pelo risco de contágio e fadiga intensa, mas, principalmente pelo risco de ruptura do baço, que muitas vezes pode ocorrer espontaneamente. Historia prévia de rinite ou bronquite pode nos dar uma pista no caso de atletas com baixo desempenho ou sintomas de falta de fôlego durante os exercícios.

Na avaliação cardíaca é feita a verificação da pressão arterial, pulsos, freqüência cardíaca e, através da ausculta, a verificação de arritmias e a presença de sopros. É importante que seja feito o diagnóstico diferencial entre um sopro funcional (este não altera a prescrição da atividade física), e um sopro patológico, neste caso outros exames deverão ser feitos para elucidar o diagnóstico e o atleta deverá ser acompanhado por um cardiologista.

O ecocardiograma é o exame de eleição para o diagnóstico de cardiopatias congênitas, e afastar o diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica, responsável por 48% dos casos de morte súbita em adolescentes e adultos jovens.

Ainda no exame de pré-participação é possível detectar fatores de risco para lesões osteo-articulares tais como: hipotrofias e encurtamentos musculares, equipamentos esportivos inadequados para a faixa etária e calçados esportivos desapropriados para o esporte. Alem disso, pode-se diagnosticar a lesão, instituir o tratamento necessário e depois da reabilitação promover a volta para a prática esportiva. Isto ocorre principalmente naquelas crianças que já iniciaram o treinamento para um esporte específico.


...sem cobrança por resultados
Algumas vezes, alguns testes podem ser feitos para determinar capacidades específicas (aeróbia, anaeróbia, força, potência e flexibilidade), e assim ser conhecido qual o grau de aptidão física de cada paciente. A partir dos resultados destes testes, um programa de treinamento pode ser estabelecido com o objetivo de melhorar qualquer uma destas capacidades, caso seja necessário. Normalmente esses testes são feitos pelo técnico ou preparador físico do atleta.

Com todos estes dados, o médico do esporte poderá prescrever de uma maneira mais individualizada o exercício físico, comparar a evolução do programa proposto e fazer o diagnóstico de doenças que possam interferir com a performance ou podem colocar em risco a saúde do atleta.

Esta avaliação completa, que recebe o nome de Exame de Pré-Participação, é uma grande oportunidade de discutir o risco do uso de anabolizantes, fumo, álcool, risco de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis entre os adolescentes; assim como orientar o esporte adequado para cada faixa etária, reforçar os benefícios da prática esportiva no desenvolvimento neuropsicomotor, ressaltar a influência benéfica do esporte na qualidade do sono e na diminuição do stress, e principalmente, não permitir que as crianças pequenas sejam submetidas à especialização precoce de um único esporte, aumentando com isto o risco de lesões osteo-articulares do supertreinamento e a instalação do stress emocional, este provocado pela mudança de uma atividade que deveria ser prazerosa e divertida para a uma eterna cobrança de um bom resultado.

Dra. Ana Lucia de Sá Pinto
Pediatra e Médica do Esporte do Ambulatório de Medicina Esportiva da Disciplina de
Reumatologia - FMUSP
Coordenadora dos Projetos de Pesquisa do Laboratório de Atividade e Condicionamento
em Reumatologia - LACRE - FMUSP
analucia@move.med.br  

Roberto Cesar de Oliveira
Professor de Educação Física e Fisiologista do Exercício.
Mestre pela UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo.
Pós-Graduado em Treinamento Desportivo pela UNICAMP.
Pós-Graduado em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP.
Autor do Livro: "Personal Training - uma abordagem metodológica".
Contato: (11) 9119.9908 ou (11) 3501.0322
performa@uol.com.br







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