Max Nagl e Jeffrey Herlings dominam suas categorias no Catar
Redação MotoX.com.br: Lucídio Arruda - fotos: Ray Archer / J. P. Acevedo / Idário Café 


Mais uma vez o Mundial de Motocross deu a largada com a prova noturna no circuito de Losail, Catar. É o terceiro ano consecutivo que o emirado recebe a abertura do campeonato, apesar da notória falta de público local.

A temporada desse ano foi uma das mais aguardadas da história com o esperado duelo Villopoto X Cairoli ou mais precisamente Villopoto X Resto do Mundo. Mas a batalha tão profetizada pelos fãs ao redor do globo acabou não se concretizando. Pelo menos não diretamente. Em vez disso o Mundo viu o domínio absoluto de Max Nagl nas duas baterias da classe MXGP.


O alemão não deu chances aos adversários. Largou na frente nas duas baterias e tratou logo de abrir vantagem e enterrar qualquer possibilidade de ataque dos adversários. Nagl colocou novamente a marca Husqvarna no topo da classe principal após algumas décadas.

O ano passado teve um começo difícil para Nagl. Com uma contusão na pré temporada, ele só foi reencontrar seu verdadeiro potencial já no fim do campeonato, quando venceu as duas baterias no GP Estado de Goiás, em Trindade. Depois ainda venceu uma bateria em Leon, no México.

Após duas temporadas com a Honda HRC, Nagl encontrou uma nova casa na Husqvarna e logo se aclimatou à motocicleta, cujo DNA vem da KTM, equipe que já defendeu ao lado de Cairoli. Nagl não hesita em afirmar que a nova equipe é a melhor que já integrou. Se são apenas palavras jogadas para a mídia ou não, não podemos afirmar. O fato é que ele está numa posição privilegiada de primeiro piloto numa equipe (Ice One Red Bull Factory Husqvarna, de propriedade de Kimi Raikkonen) que quer muito provar seu valor e agora tem recursos, tanto técnicos como financeiros, para brigar pelo título. Se contarmos as provas do ano passado, Nagl venceu cinco das seis últimas baterias disputadas.


O segundo colocado em Losail, nas duas baterias, foi Clement Desalle. Em ambas o belga largou em terceiro. Na primeira bateria ultrapassou Cairoli mais ou manos na metade da prova. Na segunda perseguiu Gautier Paulin por quase toda a corrida para conseguir a ultrapassagem a poucas voltas do final.

Paulin, quarto e terceiro nas baterias, ficou com o terceiro degrau no pódio, empatado em pontos com Cairoli. Estreando na Honda no lugar de Max Nagl, o francês fez duas provas sólidas. Na primeira andou perto, mas não conseguiu encostar nos três primeiros. Na segunda manteve o mesmo ritmo forte durante toda a bateria e após perder o segundo posto para Desalle, tentou, mas não conseguiu dar o troco no belga.


Depois de vencer a classificatória na sexta-feira, Antonio Cairoli não encontrou seu melhor ritmo no sábado. Pelo menos não um ritmo para lutar pela vitória. Na primeira corrida perdeu o segundo posto para Desalle e na segunda foi quarto colocado do início até o fim, embora tenha pressionado o belga da Suzuki por algumas voltas. Apesar de ter ficado fora do pódio o resultado não preocupa muito o defensor do título que sabe que o importante é marcar bons pontos e buscar vitórias nas pistas onde se sente mais à vontade.

Novo Regulamento

Sem nenhuma explicação lógica, o campeonato teve seu tempo de prova reduzido mais uma vez. Agora são apenas 30 minutos mais duas voltas em vez dos 35m + 2v de 2014. Antigamente era 40m + 2v. Talvez a intenção tenha sido se igualar ao regulamento do AMA, ou dar alguma combatividade extra com provas mais curtas. Não gostei muito dessa mudança e acho que pode prejudicar principalmente Cairoli, que costumava chegar ao final das corridas mais inteiro com sua 350cc e papar os adversários nas voltas finais.


Villopoto


A tão aguardada estreia de Ryan Villopoto no Mundial de Motocross não refletiu as previsões. Talvez um choque de realidade para muita gente. Depois de ler mais de uma vez na imprensa especializada norte-americana que Stefan Everts e Antonio Cairoli optaram em suas carreiras por serem "reis" em "terra de ninguém", em vez de competir com "os melhores" na América. O oitavo lugar geral de Villopoto foi um balde de água fria, para muitos.

Me chamou a atenção o aparente nervosismo do piloto em entrevista já no gate de largada da primeira bateria. Apesar de toda a experiência, parecia sentir o peso dos olhos de todo o mundo em sua direção. Disse que estava ainda aprendendo o sistema de funcionamento do mundial, bem diferente do que está acostumado nos EUA, e que chegar entre os 10 primeiros seria um bom resultado.

Também me chamou a atenção na primeira largada que Villopoto ainda segurava seus óculos nas mãos enquanto todos já tinham vestido e ajustado o equipamento durante a passagem da bandeira verde. Não ajudou nada em seu resultado a moto apagar na primeira largada. Teve que abrir caminho no pelotão, sofreu mais uma queda ao se chocar com Jose Butron, e suou para alcançar a nona posição no final.


Na segunda largada Villopoto saiu em sétimo, mas não acompanhou o ritmo dos ponteiros, perdeu a posição para Romain Febvre e finalizou em oitavo reclamando do freio traseiro que ficou "esquisito" na metade da prova, possivelmente por causa de alguma pedrada ou choque.

Bom, considerando que ele estava a nove meses sem participar de competições, até que não foi um mal começo. Mas isso me faz pensar se foi acertada a decisão do piloto e sua equipe em não participar de nenhuma prova pré-temporada antes da abertura do campeonato. Seria útil pelo menos para medir os adversários. Treinar é bom e preciso, mas ritmo de corrida mesmo só se adquire competindo. Pilotando de forma bem agressiva, ao seu estilo, e em alguns momentos Villopoto aparentava visualmente ser o mais rápido na pista, embora os tempos de volta não refletissem isso. Parecia "brigar" mais com a moto que a turma dos ponteiros.

Villopoto vai ganhar corridas? Eu e 110% das pessoas que acompanham o esporte acreditam que sim. Vai brigar pelo título? Depende do tempo que levar para se aclimatar ao campeonato. Esse início com viagens longas, passando por Catar, Tailândia e Argentina antes da fase europeia, vai pesar bastante contra o norte-americano. É uma agenda que ele não está acostumado. Pesará contra também os circuitos de areia, onde ele tem pouca experiência, e também eventuais etapas com chuva e lama pesada, situações onde os europeus se sentem em casa. Portanto acho que as profecias estão suspensas no aguardo dos próximos capítulos.

250 - Volta o domínio de Herlings


O holandês Jeffrey Herlings voltou ao topo de sua classe. Embora ainda não seja aquele velho Herlings que vencia com vantagens inclassificáveis que chegavam a ultrapassar um minuto. Teve trabalho.

Na primeira bateria, o francês Dylan Ferrandis o ultrapassou e liderou por várias voltas, até Herlings encontrar o ritmo e retomar a liderança. Na segunda bateria, Herlings liderou de ponta a ponta e cruzou a bandeirada com pouco menos de 3 segundos de vantagem sobre o belga Julien Lieber.

Ferrandis sofreu uma queda na segunda corrida e recuperou-se até a quinta posição para garantir o terceiro degrau no pódio, atrás de Lieber.

Quem não teve um início de campeonato nada bom foi o atual campeão Jordi Tixier, apenas nono na geral após corridas recheadas por erros e quedas. De se notar a boa estreia da jovem aposta da KTM, o jovem Pauls Jonass, da Letônia, que foi sexto colocado geral.


WMX


A francesa Livia Lancelot começou a temporada em grande forma vencendo a categoria feminina. Ela conseguiu a liderança na primeira corrida quando pressionava a holandesa Nancy Van De Ven, que tomou um capote espetacular na seção de ondas.

Lancelot conquistou a segunda bateria após uma batalha épica contra a atual campeã Kiara Fontanesi. A duas voltas do fim, Fontanesi errou e deixou a francesa escapar para vencer com 17 segundos de vantagem. Van de Ven ficou com o terceiro lugar, mostrando que a queda da primeira bateria não deixou consequências.

Tivemos também a presença da campeã brasileira Stefany Serrão. Na primeira corrida Stefany fez uma boa largada na quinta posição, mas sofreu uma queda ao final da primeira volta e retornou à corrida mais de 20 segundos atrás da adversária mais próxima. Recuperou duas posições na pista, mais duas de abandonos para completar na 12ª colocação.

Na segunda corrida a paulista fez outra boa largada, perdeu algumas posições no início da corrida para se estabilizar na nona posição, onde permaneceu até a bandeirada.

Stefany comentou sua primeira participação no Mundial de Motocross: "Ninguém é capaz de imaginar o tamanho das canaletas que tinham na pista depois das duas baterias que aconteceram antes da nossa segunda prova. Foi um teste de resistência conseguir pilotar sem erros. Felizmente tive um bom desempenho e consegui um 12º lugar na geral. Acredito que por nunca ter competindo no Mundial, o resultado está de bom tamanho. Nunca tive contato com esse tipo de pista e a maneira das outras meninas pilotar. Além disso, não tinha uma moto perfeita para o meu estilo de pilotagem. Em geral estou muito satisfeita com tudo que vivi e aprendi nestes dias no Catar. Se possível quero fazer outras etapas", completou Stefany.

Stefany retornou para o Brasil já no domingo e se prepara para as competições nacionais.

O campeonato segue para a Tailândia no próximo final de semana. Pista nova para todo mundo, sai Si Racha, entra Nakhonchaisri.

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Resultados

P	Nr	MXGP	Nat.	Bike	Race 1	Race 2	Total
1	12	Nagl, Maximilian	GER	HUS	25	25	50
2	25	Desalle, Clement	BEL	SUZ	22	22	44
3	21	Paulin, Gautier	FRA	HON	18	20	38
4	222	Cairoli, Antonio	ITA	KTM	20	18	38
5	89	Van Horebeek, Jeremy	BEL	YAM	16	16	32
6	461	Febvre, Romain	FRA	YAM	15	14	29
7	2	Villopoto, Ryan	USA	KAW	12	13	25
8	777	Bobryshev, Evgeny	RUS	HON	13	12	25
9	22	Strijbos, Kevin	BEL	SUZ	9	15	24
10	24	Simpson, Shaun	GBR	KTM	14	7	21
11	17	Butron, Jose	ESP	KTM	7	10	17
12	39	Guarneri, Davide	ITA	TM	8	9	17
13	259	Coldenhoff, Glenn	NED	SUZ	3	11	14
14	47	Waters, Todd	AUS	HUS	6	8	14
15	19	Philippaerts, David	ITA	YAM	11	0	11
16	183	Frossard, Steven	FRA	KTM	10	0	10
17	28	Rattray, Tyla	RSA	KAW	4	5	9
18	9	de Dycker, Ken	BEL	KTM	2	6	8
19	100	Searle, Tommy	GBR	KTM	5	0	5
20	111	Ferris, Dean	AUS	HUS	0	4	4
21	999	Goncalves, Rui	POR	HUS	0	3	3
22	23	Charlier, Christophe	FRA	HON	1	2	3
23	11	Bengtsson, Filip	SWE	HON	0	1	1

P	Nr	MX2	Nat.	Bike	Race 1	Race 2	Total
1	84	Herlings, Jeffrey	NED	KTM	25	25	50
2	33	Lieber, Julien	BEL	YAM	20	22	42
3	4	Ferrandis, Dylan	FRA	KAW	22	16	38
4	243	Gajser, Tim	SLO	HON	18	14	32
5	59	Tonkov, Aleksandr	RUS	HUS	11	20	31
6	41	Jonass, Pauls	LAT	KTM	12	18	30
7	91	Seewer, Jeremy	SUI	SUZ	16	13	29
8	92	Guillod, Valentin	SUI	YAM	13	15	28
9	1	Tixier, Jordi	FRA	KAW	15	12	27
10	64	Covington, Thomas	USA	KAW	10	11	21
11	152	Petrov, Petar	BUL	KTM	8	10	18
12	99	Anstie, Max	GBR	KAW	14	1	15
13	51	Getteman, Jens	BEL	HON	6	8	14
14	128	Monticelli, Ivo	ITA	KTM	7	7	14
15	18	Brylyakov, Vsevolod	RUS	HON	4	9	13
16	119	Pocock, Mel	GBR	KAW	9	0	9
17	95	Justs, Roberts	LAT	KTM	1	6	7
18	93	Featherstone, Gradie	GBR	SUZ	0	5	5
19	6	Paturel, Benoit	FRA	YAM	5	0	5
20	300	Golovkin, Viacheslav	RUS	KTM	0	4	4
21	555	Guryev, Artem	RUS	KTM	0	3	3
22	189	Bogers, Brian	NED	KTM	3	0	3
23	7	Graulus, Damon	BEL	YAM	0	2	2
24	274	Lundgren, Anton	SWE	HUS	2	0	2

P	Nr	WMX	Nat.	Bike	Race 1	Race 2	Total
1	114	Lancelot, Livia	FRA	KAW	25	25	50
2	8	Fontanesi, Kiara	ITA	YAM	22	22	44
3	66	Rutledge, Meghan	AUS	KAW	20	18	38
4	116	Nocera, Francesca	ITA	SUZ	18	15	33
5	811	Vaage, Genette	NOR	KTM	16	14	30
6	111	Borchers, Anne	GER	SUZ	15	13	28
7	85	Van De Ven, Nancy	NED	YAM	5	20	25
8	274	Verstappen, Amandine	BEL	KTM	13	11	24
9	86	Moore, Jessica	AUS	KTM	14	9	23
10	52	Charroux, Justine	FRA	YAM	11	10	21
11	423	Papenmeier, Larissa	GER	SUZ	4	16	20
12	29	Serrao, Stefany	BRA	HON	8	12	20
13	9	Germond, Virginie	SUI	SUZ	12	7	19
14	193	Braam, Kimberley	NED	KAW	10	8	18
15	71	Jacquemard, Gloria	FRA	KAW	9	5	14
16	777	Guryeva, Ekaterina	RUS	KTM	6	6	12
17	30	Hamlet, Gabrielle	GBR	SUZ	7	4	11