Dicas para Construção de Pistas - Parte 1Redação MotoX.com.br - Por Fernandão Dal Mas - Fotos: Maurício Arruda
Aproveitar desníveis do terreno é muito importante |
Pistas de motocross ou supercross são sempre polêmicas. Todas têm elogios e críticas. Geralmente tem a ver com o desempenho do piloto em cada uma delas. Ou seja, se andou bem, é boa, se andou mal, é ruim. Mas é bem verdade que assim como pilotos, também existem pistas boas e ruins.
Máquinas devem apenas marcar o traçado, sem escavar o chão |
Particularmente acho que a pior pista é aquela que não oferece segurança ao piloto, que não aceita erros e é cheia de quinas e ângulos menores que a moto. Isso é terrível e ocorre normalmente por economia de terra ou máquinas. Um piloto consciente não deve aceitar correr sem segurança. Por isso, vamos ensinar nessa coluna tudo detalhadamente na tentativa de melhorar o nível das pistas no Brasil e também ajudar os pilotos a ler melhor uma pista e a tirar proveito técnico disso.
Nota importante: às vezes falta terra, maquinário ou até mesmo espaço. Em qualquer um dos casos, nunca sacrifique a largura da pista e dos obstáculos. A solução é diminuir a quantidade de obstáculos ou o comprimento do traçado. Mas o que fizer, faça bem feito, com largura e segurança. Deixe para aumentar a pista quando houver nova oportunidade. Lembre-se: pista segura, todos poderão andar, pista perigosa, só alguns.
Escolha do traçado - Parte 1 O traçado é a alma da pista. Se o traçado for bom, a pista é competitiva. Lembre-se que a maior parte das ultrapassagens é nas curvas. Os saltos podem ser variados, porém o traçado é a base.
Existem pontos vitais na escolha do traçado, veja quais:
- Terreno (local da construção): se o terreno for desnivelado, procure fazer a pista com subidas e descidas. Isso facilita muito, pois elas ajudam na construção de obstáculos e você pode economizar transporte de terra ao escavar nas laterais e entre o traçado. Além disso, facilita na hora de tirar a água da pista.
Durante a construção é preciso pensar na logística da pista |
Não cave buracos fundos e sim faça um rebaixamento do terreno lateral da pista, jogando a terra nos lugares dos obstáculos e paredes de curvas. Se o terreno for em área plana, a terra dos obstáculos e paredes terão que ser transportadas de outro lugar. Nunca escave, pois isso pode resultar em lagoas no lugar.
- Sol: procure olhar a posição do sol, largada e grandes pulos contra o sol não são bons.
A primeira curva deve ser longa, para que todos entrem na mesma balada |
- Posicionamento e logística: pense na logística da pista. Por exemplo: o box deve ser próximo a largada. A área para público deve estar posicionada em lugar privilegiado de visão, se possível que se veja todo o circuito. As cercas devem ser bem posicionadas, fortes, capazes de suportar a euforia do público e principalmente ter livre tráfego para resgate. Para ambulâncias, máquinas e carros, o ideal é uma estrada que dê a volta no circuito por fora da pista e por dentro da cerca. Serve também como área de escape e limpeza. Lembre-se sempre da galera do meio ambiente.
Limpe a área, e se você quiser economizar, use o material para os grandes obstáculos. Nesse caso amontoe os entulhos e sujeira de forma longitudinal ao terreno, para que depois que o traçado estiver pronto, você possa usar para fazer mesas e cobrir com uma boa camada de terra. Nota: cuidado com ferros e pedras, isso não é bom.
- Escolha do traçado: não escave o traçado, apenas marque com a máquina. Procure não fazer nada menos estreito do que seis metros. Lembre-se que motos derrapando ocupam um espaço de aproximadamente nove metros.
Faça primeiro a largada (nunca descendo). A primeira curva deve ser longa, para que todos entrem na mesma balada. A segunda curva deve ser um cotovelo ideal para definir as posições, a fim de que as motos não entrem emboladas nos obstáculos. Se a primeira curva não puder ser longa, deverá ser feito um paredão, tipo concha (aguarde próxima matéria). O resto do traçado deve conter variações de retas e curvas de alta, média e baixa velocidade. No caso do Supercross, uma só curva após a largada e de alta velocidade. O restante de média e baixa velocidade. Nota: aquelas curvas tipo S, não são legais, pois não possuem opção de ultrapassagem. Melhores são as curvas tipo 45º, 90º e 180º. Deixe os obstáculos por último para dimensionar velocidade e distância.
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Fernandão Dal Mas, foi piloto de motocross durante 16 anos, construiu as pistas do Campeonato Brasileiro pelo período de 10 anos, possui domínio operacional dos equipamentos de terraplanagem e realizou a construção da pista de motocross do campo de provas da Honda Manaus.
Contato: fernandao.pista@hotmail.com