Negretti e Colman - Referência da Referência
Texto e foto: Cláudia Borges

Roque Colman e Jorge Negretti

Após a grande euforia que Jorge Negretti causou na abertura do Campeonato Brasileiro de Motocross, vencendo na categoria MX3, muitas pessoas ainda ligam cumprimentando-o e o enaltecem pelo mérito de estar sete anos afastado e ter voltado com essa vontade, sem ter perdido sua inigualável astúcia, que um dia lhe rendeu o apelido de "velha raposa".

Na noite daquele mesmo domingo após a corrida, um amigo que ligou para parabenizá-lo, conta que Negretti disse emocionado que "ainda não tinha caído à ficha", então surpreso perguntou a ele porque depois de tantos anos de carreira e tantos títulos conquistados, ainda se emocionava tanto com mais uma vitória, Negretti respondeu que o motivo da surpresa e emoção era a quantidade de gente que torceu por ele, que não imaginava que ainda tinha uma grande torcida e que esta tinha se multiplicado tanto; pois não tem nem idéia de quantos cumprimentos recebeu: "não há nada mais prazeroso que o carinho, o afeto e o reconhecimento das pessoas", disse Negretti.

E foi desta maneira que o piloto terminou o domingo, depois da inesquecível vitória, se esforçando para atender a todas as pessoas que ligavam e o encontravam para lhe dar os parabéns.

Mas houve um momento ainda dentro dos boxes de Indaiatuba que ficou marcado para sempre na memória, foi quando o piloto veterano de 62 anos, Roque Colman, foi cumprimentá-lo e disse-lhe "Negretti você é o cara, você é um ídolo que tenho na minha carreira de mais de quarenta e cinco anos de motociclismo, você é a minha referência". Emocionado Negretti respondeu: "Roque, você que é a minha referência, pela disposição e atitude de continuar correndo depois de tantos anos nas pistas", e quando se abraçaram, os dois deixaram escorrer lágrimas dos olhos.

Um momento marcante, não apenas por ver dois "marmanjos" chorando, mas sim porque é realmente muito agradável ver o respeito e a admiração entre pessoas de distintas gerações que fazem o nosso esporte. Naquele mesmo box também estava o menino de 10 anos Ricardo Jurça, piloto da 65cc, vizinho, seguidor e "pupilo" de Negretti e que não cansou de cumprimentar seu ídolo com o mesmo respeito e admiração que o veterano de 62 anos.

Geração atrás de geração, referência da referência, respeito do respeito.
Um pelo outro. Que viva o motocross!