Alain Duclos reencontra o topo do pódio no Dakar após oito anos
Redação MotoX.com.br - Carolina Arruda - Fotos: DPPI/ E. Soldano/ M. Maragni/ F. Flamand/ E. Vargiolu
Marc Coma segura liderança no acumulado. Cyril Despres mantém ritmo mas não recupera terreno
Etapa que marca metade da edição 2014 do Dakar foi vencida por Alain Duclos |
Marc Coma consolida liderança |
Antes do desejado sábado (11) de descanso, os pilotos ainda precisaram superar o sexto estágio do Rally Dakar. Nesta sexta-feira (10), San Miguel de Tucumán viu a partida dos veículos rumo à Salta - ambas cidades argentinas. Foram 400 km de trecho cronometrado e apenas 64 de deslocamento, apesar da especial longa, após tantos dias difíceis, muitos consideraram hoje uma etapa regular, porém não menos fácil. Nas palavras de Marc Coma, “voltamos a um dia normal de Dakar, não extremo como os dias anteriores”.
Comprovando que a dupla francesa formada pela moto Sherco e Alain Duclos veio para conquistar seu lugar no Dakar, o piloto faturou lugar mais alto do pódio, exatamente no aniversário de oito anos da sua primeira vitória no rali em Damako. Em uma edição permeada por altos e baixos dos competidores de fábrica, Duclos tem conseguido se manter longe de erros e da má sorte. “Hoje a corrida foi no meu tipo de terreno. Superamos o que tinha de pior nestes últimos dias, o descanso chegou na hora certa”, falou aliviado. As performances consistentes de Duclos eram avisos de que mais dia menos dia a vitória viria.
Também repetindo o resultado de oito anos atrás em Damako, Nigéria, Marc Coma foi o segundo colocado. O espanhol mantém a liderança no acumulado com a vantagem em torno de quarenta minutos, o que não é motivo para se gabar em uma competição como essa. “Estamos no meio do caminho agora. Tenho um bom intervalo de tempo, mas tão fácil quanto ganhar vinte minutos, é perder vinte. Temos que estar focados a todo o tempo”, analisou Coma.
Chaleco Lopez |
Michael Metge |
A equipe do espanhol, a KTM, lida com a primeira baixa da competição. Chaleco Lopez caiu em dos pontos de grande altura do dia, lesionando o pulso e o quadril. O chileno, que até o momento era o terceiro colocado na briga pelo título, se despede do sonho de presentear os fãs com um lugar no pódio em Valparaíso ao fim do rali.
Por outro lado, a sorte dos pilotos da Yamaha voltou a cintilar. Ditados dizem que é preciso escutar a voz da experiência e foi exatamente o que Michel Metge fez. “Esta manhã, na largada da especial, Cyril disse para mim ‘aproveite’ o que quer dizer ‘corra sua corrida’. Então, quando nos vimos de novo no reabastecimento, ele comparou a quantidade de poeira nas nossas roupas e disse ‘talvez você devesse pegar mais leve’. Isso resume as demandas conflitantes do Dakar. Você tem que aproveitar a moto, se sentir relaxado e feliz, correr bem, mas ao mesmo tempo que tem impor limites a você mesmo”, compartilhou o francês que alcançou a melhor colocação até o momento com o terceiro tempo do dia. “Estou muito satisfeito com o resultado, mas a lição que aprendi hoje foi muito mais importante”, completou.
Cyril Despres |
Joan Barreda |
O dono do conselho, Cyril Despres, agora protagoniza a batalha de recuperar o prejuízo do dia anterior. “Depois dos problemas de ontem, larguei em 17º hoje. É claro que peguei muita poeira pelos primeiros 100 km ou mais. Felizmente, os pilotos que encontrei foram justos e me deixaram seguir em frente”, dividiu o francês. Porém o dia não seguiu sem algumas intempéries: “No quilômetro 35 eu cai e esmaguei meu camel back, o que significa que não tinha nada para beber. A única solução foi emprestar garrafas de água do público ao lado da trilha”. Despres alcançou a quinta posição, mas não subiu muitas casas no acumulado, ficando na 11ª colocação.
Outro piloto apontado com um dos favoritos que também está na batalha para recuperar o tempo perdido e retomar a liderança é Joan Barreda. O espanhol foi o quarto mais rápido do dia, mas ainda lida com um déficit de mais de 40 minutos para superar Marc Coma. “Hoje foi outro estágio bastante técnico em trilhas com chão duro e pedregoso, então bastante perigoso para as diversas ultrapassagens que tive fazer”, analisou. O piloto está declaradamente buscando retomar a ponta do acumulado e de forma confiante. “Estou em uma boa posição para atacar na segunda semana. Aproveitei muito a corrida até agora e sei que tenho mais uma semana para brigar todo dia pelos minutos que preciso para pegar a liderança de volta”, afirmou o espanhol da Honda.
Helder Rodrigues |
Stefan Svitko |
O companheiro de equipe de Barreda, Helder Rodrigues, também completou o dia com saldo positivo. “Hoje foi bastante técnico, com muita poeira e dezenas de curvas perigosas. Foi uma especial diferente. A segunda parte era muito rápida... mas não tão rápida. Onde você não ganha muita coisa, mas pode perder tudo. Sexto lugar não é ruim. A luta continua”, balanceou o português.
Reaparecendo entre o top 10 estavam novamente Stefan Svitko e Jakub Przygonski – sétimo e oitavo colocados, respectivamente, ambos competindo com motos KTM. Jordi Viladoms não manteve a segunda posição e sua moto foi a nona mais rápida do dia. O piloto explica o porquê: “Hoje foi mais fácil na navegação, era seguir a pista. Foi necessário ficar concentrado por que tinha bastante pontos perigosos. Só queria chegar em segurança aqui em Salta, então estava tentando pegar mais leve. Amanhã é descansar e preparar para a segunda parte”.
Jakub Przygonski |
Jeremias Israel Esquerre |
Colocando a Speedbrain entre as dez melhores do dia, Jeremias Israel Esquerre fez a alegria da equipe. O chileno tem sido o melhor representante do time juntamente com Juan Carlos Salvatierra, 16º colocado hoje. Os resultados têm atendido às expectativas da equipe. “Estamos muito satisfeitos com a performance. Absolutamente, estamos fazendo o que temos que fazer. ‘Correr inteligentemente, não difícil’ é nosso lema. Estamos confiantes que chegaremos em segurança em Valparaíso, mas também com um resultado para se estar contente”, analisou o chefe do time Ulrich Hanus. A equipe tem chances de pódio ao final do Dakar, caso mantenha o desempenho, uma vez que Israel Esquerre é o quinto piloto no acumulado.
No próximo dia os competidores encontram o merecido descanso das trilhas e desertos que enfrentaram durante esta primeira semana. Entretanto o dia de trégua é carregado com bastante pressão, uma vez que será dedicado à preparação das motos que voltam a confrontar mais um estágio maratona na segunda parte do rali. Chegar a Salta é motivo de felicidade para muitos pilotos e indica metade da missão cumprida. De 196 motocicletas que iniciaram a competição, apenas 83 continuam no objetivo de completar o rali mais tradicional do mundo. Para celebrar os privilegiados que continuam na competição durante o sábado acontece um pódio promocional e os fãs tem a chance de chegarem mais próximos do mundo do Dakar.
Juan Carlos Salvatierra |
Na briga pelo título, os intervalos de tempo entre os atletas começam a ficar grandes. A partir do terceiro colocado na classificação geral, a diferença até Marc Coma ultrapassa uma hora. A segunda semana pode ser o momento em que o espanhol se consolidará na batalha pelo primeiro lugar, como não pode. Em uma competição tão extensa, nenhuma vantagem de tempo é motivo para relaxar, afinal, muitos competidores apenas esperam um erro do rival para abocanhar posições. Joan Barreda que o diga.
Nota de falecimento
Eric Palante |
Na manhã desta sexta-feira, o corpo do belga Eric Palante foi encontrado no km 143 da especial de Chilecito a Tucumán. O competidor de 50 anos estava em sua 11ª participação do rali e as causas da morte estão sob investigação. Em nota, a organização do Dakar apresentou suas condolências à família de Palante e declarou que o competidor “conhecia a corrida muito bem, e ao longo destes anos seu entusiasmo o tornou um dos pilares do evento”. O piloto buscava o troféu na categoria amadora do rali.
Ao longo do caminho pilotos tem a chance de interagir com a população local |
Travessias em lagos ajudam a refrescar - temperaturas chegam a 40º em certas partes do roteiro |
As mãos de Despres após seis estágios |
Jordi Viladoms |
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