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Analisando o Motocross das Nações
Publicado em: 19/10/2010
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Analisando tudo o que aconteceu
Por Edu Appel - Fotos: MotoX


Edu Appel (segundo da esq. para a dir.) foi o coordenador da seleção brasileira no Motocross das Nações 2010


Clique aqui e veja na MotoX TV os vídeos com a participação brasileira no MXDN 2010 
Estamos chegando ao fim de um ano intenso para o motocross brasileiro. Um ano em que pagamos a duras penas pela falta de união e diálogo entre dirigentes e patrocinadores do esporte. Acredito e sempre falei que, o remédio mais amargo é o que cura a pior enfermidade, e com este pensamento resolvi encarar uma série de projetos, dentre eles o de coordenar a seleção brasileira para o Motocross das Nações 2010.

Acho importante compartilhar com aqueles que acompanharam o andamento deste grande projeto algumas curiosidades que eu não sabia que existiam, mas que me fizeram aprender muito nesta experiência que foi, sem sombra de dúvidas, a mais enriquecedora de todas na minha carreira profissional.

O ano se iniciou sem perspectivas, sem projetos para o Campeonato Brasileiro, ou seja, sem um rumo certo para o esporte. Por trabalhar para algumas empresas do setor, me preocupava muito a possibilidade de não existir um campeonato nacional. O impacto negativo para o mercado e para o consumo de produtos off-road seria enorme, comprometendo, inclusive, o meu trabalho frente às ações de marketing que eu vinha desenvolvendo. 


Antônio Jorge Balbi Jr., competindo na Open, comandou a equipe brasileira em mais uma classificação para a final da competição


Pro Tork e Rinaldi patrocinaram a equipe brasileira
Este impacto não seria refletido somente nos meus clientes, mas sim em todas as empresas que atuam neste mercado, causando uma retração de consumo que iria à contramão do bom momento em que a economia vinha entrando. De uma maneira ou de outra, precisaríamos viabilizar um campeonato brasileiro com um bom nível, garantindo a sua continuidade e não permitindo que o mercado sofresse mais com aquela desorganização.

Logo quando foi divulgado que o Campeonato Brasileiro aconteceria, graças ao patrocínio da Rinaldi e da Pro Tork, veio também a notícia da realização da Superliga Brasil. E a divisão das forças que eram para estar canalizadas em prol do mesmo objetivo começou a se evidenciar. Mas, o que isso tudo tem a ver com o Motocross das Nações? Por que falar novamente sobre Brasileiro e Superliga?

Exatamente porque eu não conseguia achar um motivo que justificasse a saída de uma empresa forte como a Honda do maior campeonato nacional. Mesmo sabendo dos conflitos pessoais, eu não entendia como ela poderia abrir mão de um processo de anos, décadas, para simplesmente começar outro campeonato do zero. Isso me assustava, porque sabia do profissionalismo e do cuidado que a marca tem com o esporte e o fato de ela não estar mais lá significava que algo muito grave estava acontecendo. Todas estas dúvidas começaram a ser respondidas com o andamento do calendário e, mais adiante, com a realização do projeto Team Brasil Nações 2010. 


Pipo Castro representou o time na MX2


Detalhe da roda das motocicletas: bandeira brasileira estampada até no aro
Embora eu tenha sido verbalmente contratado para realizar este projeto logo no início do ano, as coisas não andaram da forma como eu esperava. Até pouco antes da quarta etapa do Brasileiro, em Foz do Iguaçu, eu não havia recebido qualquer sinal de que a CBM iniciaria algum esforço no sentido de viabilizar a ida de nossa seleção ao evento. Até que, por pressão dos envolvidos, a entidade montou uma proposta de última hora e a enviou diretamente aos meus clientes, mostrando que a minha "contratação verbal" para a realização do projeto não tinha valor algum. Percebi que as minhas dúvidas começaram a ser respondidas a partir dai.

Ainda em fevereiro, minha equipe havia iniciado o projeto, com levantamento de custos, desenvolvimento de materiais e tudo o que precisaríamos para garantir o melhor para os pilotos brasileiros. Isso ficou na gaveta, até que naquela etapa de Foz do Iguaçu, foi aprovado o patrocínio para a delegação brasileira, desde que nós coordenássemos todo o processo, garantindo a correta prestação de contas para os investidores. Perdemos seis meses esperando por este momento e quando realmente recebemos a carta de autorização da CBM para o desenvolvimento do projeto, estávamos a apenas dois meses do grande dia. Mesmo com vontade de fazer deste, o melhor projeto que o Brasil já teve, eu ainda estaria para descobrir muitas coisas mais adiante... 


Anderson Cidade integrou equipe no último momento, já nos Estados Unidos...


...Substituindo Marcello Lima, o Ratinho, e Thales Vilardi, ambos lesionados e sem condições físicas de competir
Os trabalhos para desenvolver toda a logística, aluguel de estrutura, reservas de hospedagem, passagens aéreas, aluguel de carros, contratação de terceiros nos Estados Unidos e tudo o que uma delegação de 22 pessoas necessita para participar de um evento desse porte seria relativamente fácil de desenvolver, caso não tivéssemos obstáculos dentro do nosso próprio país. Vamos levantar somente alguns dos principais:

Por que a equipe teve que passar pela angústia de aguardar até a etapa de Canelinha para ser oficialmente anunciada? Porque do dia para a noite, surgiu a notícia de que Swian Zanoni poderia se tornar membro da equipe, caso corresse na prova de Canelinha, transgredindo ao que foi anunciado na reunião de Foz do Iguaçu.

Por conta disso, todo o desenvolvimento dos uniformes personalizados, e todos os materiais que levavam o nome dos pilotos teve que ser suspenso, até que ficasse evidenciado que esta manobra tinha o único objetivo de colocar a Honda numa situação desconfortável, não enviando seu melhor piloto para Canelinha. 


Box da equipe brasileira


Delegação nacional contou com vinte e duas pessoas
Isso ainda abriu margem para que outros pilotos como Duda Parise, se tornassem aptos a brigar por uma vaga na seleção. Naquela prova de Canelinha, nosso piloto reserva Thales Vilardi deslocou o ombro e Ratinho, na tentativa de andar mais rápido que Duda Parise, caiu forte e também se machucou. O tempo, que já era curto, se tornou ainda mais escasso naquele dia.

Logo após este episódio, surgiu mais uma pergunta. Por que teríamos uma etapa do Brasileiro de Motocross em Nova Friburgo, justamente num final de semana anterior ao Motocross das Nações? A data do Motocross das Nações era de conhecimento de todos, desde o início do ano, mas mesmo assim, tivemos que abrir mão da idéia de ir para os Estados Unidos dez dias antes do evento, para cumprir com a tabela do nacional.

Toda a logística de saída da delegação foi alterada para permitir o embarque no Rio de Janeiro, no domingo após a etapa de Nova Friburgo. Como todos puderam ver, a pista de Nova Friburgo vitimou novamente Marcello Lima (nosso titular para a categoria MX1) e Thales Vilardi (nosso piloto reserva), tirando definitivamente as chances de eles participarem da competição mais importante de suas carreiras. 

Ao final da etapa de Nova Friburgo, tivemos que correr para o Rio de Janeiro, numa estrada cheia de curvas, com chuva, para garantir o embarque da delegação desfalcada. Mais uma vez, as minhas dúvidas sobre a saída da Honda estavam sendo respondidas. 


Grande estrutura foi disponibilizada aos brasileiros


Evento marcou a quarta classificação consecutiva do Brasil para a final na maior
competição do motocross mundial
O Team Brasil 2010, mesmo desfalcado, se classificou para a final no melhor resultado de classificatórias da história, e contou com uma intensa cobertura da mídia. O website oficial que trouxe materiais exclusivos recebeu mais de 80 mil acessos naquela semana e o trabalho foi destaque em sites internacionais, que elogiaram a qualidade dos vídeos e da cobertura jornalística.

Nossos bravos pilotos contaram com uma estrutura de primeiro mundo e o suporte de mecânicos e técnicos contratados nos Estado Unidos para garantir que tudo corresse bem. Paralelo ao trabalho que foi feito, enfrentamos muitos obstáculos dentro do nosso próprio time. A maioria dos membros estava lá para trabalhar pelo país, motivados a dar o seu melhor, mas outros estavam lá com outros objetivos - o turismo de compras. Soube que este mesmo problema ocorreu, exatamente da mesma forma, nas edições anteriores do Motocross das Nações, quando a Honda viabilizou a ida de nossa equipe e então percebi que, mais uma vez, as respostas estavam sendo evidenciadas. 


Nossa bandeira marcando presença no Thunder Valley Motocross Park


Brasil terminou o evento na 18ª colocação
Agora, tenho total consciência do motivo pelo qual nosso esporte está vivendo esta divisão. Conseguimos superar os problemas internos, passando por situações de extremo desgaste, vivendo num ambiente político que não condiz com o belo momento em que o nosso esporte poderia estar vivendo. Conseguimos colocar a nação novamente dentre as maiores potências do motocross mundial, mas poderíamos muito mais.

Infelizmente não posso relatar tudo o que vivi (pelo menos por enquanto), mas o que posso assegurar com propriedade é que o Brasil tem condições de ir para o Motocross das Nações já classificado para as finais de domingo. Temos competência e material humano para estar sempre entre os top 15 sem dúvida. Além disso, temos um novo projeto, que foi cumprido a risca e que deu excelentes resultados aos patrocinadores e ao público que acompanhou o dia-a-dia da seleção. 


Por que precisamos passar por desgastes desnecessários no futuro? A realidade atual já fala por si só, todos vêem isso e sei que não estou falando sozinho. Vamos fazer acontecer por nós mesmos, sem esperar que as boas notícias venham de nossos dirigentes, até porque eles já mostraram que não têm boas notícias para nos dar. 


Vamos fazer acontecer em 2011. Abrir a mesa de diálogo entre os patrocinadores e pilotos e criar as condições para abrir as portas do motocross mundial aos diversos "Jorge Balbis" que estão querendo uma oportunidade! Eu estou motivado para isso e sei que muita gente boa também está. É tempo de evolução. 

Eduardo Appel, da Edu Appel Gerenciamento de Marcas, é consultor de marketing e acompanha de perto as competições nacionais há 9 anos.






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